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Síria recebe ultimato para retirar tropas, mas intensifica ataques

Damasco - O regime sírio intensificou seus ataques nesta quinta-feira (5/4) contra os rebeldes, enquanto a ONU confirmou que o país tem prazo até 10 de abril para retirar seus tanques das cidades antes de um cessar-fogo total, 48 horas depois.

Hoje , o exército atacou Duma, perto de Damasco, e bombardeou localidades da província de Homs (centro), Idleb (noroeste), Alepo (norte) e Deraa (sul), matando 18 civis, entre eles três crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Além disso, segundo o OSDH, 19 soldados e um rebelde morreram em combates violentos, particularmente em Homs.Ante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, o enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, anunciou que a Síria informou sobre a "retirada parcial" de suas tropas de três cidades rebeldes: Idleb, Deraa e Zabadani (perto de Damasco).

Annan reiterou que as hostilidades devem cessar no máximo em 12 de abril.Faltando sete dias para o fim do prazo dado pelo emissário Kofi Annan para um cessar-fogo "total", o Conselho adotou nesta quinta-feira, por unanimidade, uma declaração na qual pediu ao regime para respeitar o prazo para por fim a suas principais operações militares em 10 de abril e à oposição síria para fazer o mesmo no máximo 48 horas depois.

Nesta declaração, o Conselho se disse disposto, se forem respeitadas estas condições, a autorizar o envio de observadores da ONU. Uma equipe das Nações Unidas chegou nesta quinta-feira a Damasco para discutir as modalidades desta eventual missão.

Na manhã desta quinta-feira, o jornal sírio Al Watan, ligado ao poder, mencionou um acordo segundo o qual as autoridades sírias se encarregariam de proteger os observadores, mas afirmando que ainda examinava o detalhe das regiões que a ONU deve visitar.

Um funcionário sírio citado pelo Al Watan afirmou na quinta-feira que o regime não era obrigado a cumprir um "prazo" ou "data limite" para retirar suas tropas das cidades.

"A data de 10 de abril está relacionada com o início da operação e não com o fim da retirada das tropas e não significa um prazo como tal", destacou o funcionário sob condição de ter sua identidade preservada.

A Rússia, principal aliada do regime de Bashar al Assad desde o início da revolta em março de 2011, advertiu novamente os ocidentais para tomarem cuidado com as "ameaças de ultimatos" contra a Síria.

Os militantes anti-Assad desmentiram vigorosamente qualquer retirada das tropas e mencionaram a intensificação dos confrontos entre forças governamentais e insurgentes.

Desde o início da revolta síria, que se militarizou paulatinamente, a violência deixou mais de 10.000 mortos, a maioria civis, segundo o OSDH.

Além disso, "entre 25.000 e 30.000 pessoas estão atualmente detidas na Síria e "mais de 100.000 pessoas foram presas em algum momento" desde meados de março de 2011, segundo Abdel Rahman, presidente do OSDH.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou nesta quinta-feira que poderia visitar as prisões na Síria, segundo um acordo alcançado pelas autoridades. A primeira visita deve ser à prisão central de Alepo, mas a data não foi acertada.

Milhares de sírios fugiram do país. Segundo uma fonte oficial turca, 2.350 refugiados sírios entraram na Turquia nas últimas 24 horas, aumentando para mais de 22.000 o número de sírios atualmente alojados no país.