Agência France-Presse
postado em 02/04/2012 11:26
Puerto Argentino/Stanley - Os chamados kelpers, habitantes das ilhas Malvinas, são cidadãos britânicos desde a guerra entre a Argentina e o Reino Unido há 30 anos, mas agora não descartam pensar na independência ante as reclamações de Buenos Aires e a perspectiva do dinheiro do petróle.[SAIBAMAIS]Atualmente, as ilhas são um Território Britânico de Ultramar e Londres se encarrega da defesa e das relações internacionais, e todo o resto fica a cargo da Assembleia Legislativa. O custo da defesa das ilhas para o Reino Unido é de 180 milhões de dólares anuais, algo que facilmente poderia ser pago pelo governo local se as promessas de petróleo de ao menos 300 milhões se confirmarem.
Se há algo claro é que não existe muita simpatia pela Argentina ou, pelo menos, desejam que a "Argentina abandone sua postura e reconheçam nosso direito de viver aqui como habitantes das Malvinas", afirma Stephen Luxton, diretor de Recursos Minerais do governo local. Tanto Luxton como Cheek se referiram várias vezes às Malvinas como propriedade argentina.
Segundo o jurista e consultor externo do governo argentino Eduardo Barcesat, nem a Argentina nem a ONU reconhecerão uma futura declaração de independência dos malvinenses. De acordo com ele, a ONU tem precedentes valiosos e aplicáveis que estabelecem que não há aplicação do direito de autodeterminação quando a população provém de uma conquista territorial colonialista.
Dessa forma, as Malvinas poderão terminar na posição de Kosovo, que se declarou independente da Sérvia em 2008 e hoje é reconhecido por 80 países, embora ainda não tenha reivindicado integração à ONU. Washington Baliero, catedrático de Direito Internacional na Universidade da República, Uruguai, entende que "o Reino Unido pode consentir isso (a independência) em um acordo com o povo". Baliero disse que o caso Malvinas é "sui generis" e que não se engloba 100% na esfera da descolonização, nem na da autodeterminação.