Yangun - A líder opositora Aung San Suu Kyi, cuja Liga Nacional pela Democracia (LND) reivindicou uma ampla vitória nas eleições parciais de domingo (1;/4), comemorou nesta segunda-feira (2/4) "o começo de uma nova era" em Mianmar. Suu Kyi diz que a vitória é um triunfo daqueles que decidiram participar no processo político do país. O resultado oficial não foi divulgado, mas a LND anunciou nesta segunda-feira que conquistou pelo menos 43 das 44 cadeiras que disputava nesta votação histórica, considerada uma prova da sinceridade das reformas anunciadas pelo governo que substituiu a junta militar ano passado.
A presidência cambojana da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que enviou observadores a Mianmar, considerou as eleições de domingo "livres, justas e transparentes". Suu Kyi, que há 25 anos prega a não violência contra a opressão e que passou 15 anos privada da liberdade, defendeu a união de todos os partidos. Ela também pediu moderação aos simpatizantes, para que "a vitória do povo seja uma vitória digna".
Quarenta e cinco cadeiras estavam em jogo no domingo: 37 na Câmara Baixa do Parlamento (de 44 deputados), seis na Câmara Alta e dois nas câmaras regionais. A LND apresentou candidatos em 44 circunscrições. Em tais condições, o governo não tem o que temer no momento. O Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (USDP), criado para a ocasião pela antiga junta militar, reivindicou 80% das cadeiras em 2010.
De acordo com a Constituição, 25% dos parlamentares são militares da ativa designados à margem de qualquer processo eleitoral. Suu Kyi tenta agora influenciar o sistema para as legislativas de 2015 que, como mostra o resultado atual, podem representar a chegada da oposição ao poder. Os ex-militares reformistas que chegaram ao poder ano passado tentam provar que suas reformas justificam a suspensão das sanções ocidentais que derrubam a economia do país. Para os analistas, dentro do processo de transição sob controle, era do interesse dos militares que a opositora triunfasse sob os olhares da comunidade internacional. A Casa Branca felicitou o povo de Mianmar e Aung San Suu Kyi, mas ressaltou que espera mais reformas no país.