Toulouse - O corpo do atirador franco-argelino Mohamed Merah, de 23 anos, que matou sete pessoas em distintos ataques em Toulouse, na França, será enterrado em território francês às 11h de Brasília (16h em Paris). O representante do Conselho Muçulmano da França, Abdallah Zekri, disse que as autoridades da Argélia se recusaram a fazer o enterro no país por questões de segurança.
Zekri foi encarregado pela família de Merah para preparar o funeral do atirador nas próximas 24 horas. Merah foi morto, no último dia 22, depois de a polícia cercar o prédio, no qual ele estava, por mais de 30 horas. Merah assumiu ter matado quatro pessoas ; um adulto e três crianças ; em frente a uma escola judaica em Toulouse e é o único suspeito de atirar contra três policiais, que também morreram.
Um enterro na França pode ser considerado por muitos como a pior escolha possível. O pai, que vive na Argélia, desejava que o filho fosse enterrado no país dos ancestrais, com prioridade na cidade de Bezzaz, em Essouagui. A mãe, que mora na França, teme que o túmulo de Merah seja profanado. Outros acreditam que esta sepultura pode se tornar um local de peregrinação. Muitos muçulmanos consideram que um enterro na Argélia seria a melhor solução. Foram estas as mesmas preocupações que fizeram com que as autoridades locais argelinas de Medea se opusessem ao enterro de Merah na terra natal.
O corpo continua no Instituto Médico Legal de Toulouse, onde passou por uma necropsia e onde uma incomum presença de veículos da polícia foi observada, contou uma fonte próxima da família. O ritual de limpeza do cadáver, Al-ghusul, aconteceu nessa quarta-feira (28/3) na maior descrição.
Em relação à investigação sobre os crimes de jovem que se auto-proclamou extremista da al-Qaeda e sobre possíveis cúmplices, progrediu. Os investigadores localizaram em St. Papoul, pequena vila situada a algumas dezenas de quilômetros de Toulouse, um carro no qual estavam um capacete e peças de uma scooter semelhante à usada por Merah no assassinato de três crianças e um professor judeu e três paraquedistas, informaram fontes próximas à investigação. O carro, um Renault Clio registrado em Haute-Garonne (departamento de Toulouse), pertence a um homem que vive no mesmo endereço do assassino, indicou a fonte.
Nas negociações com a polícia, quando foi cercado na casa, Merah havia indicado onde estava a scooter, roubada no início de março. A descoberta de St. Papoul explicaria por que uma scooter de cores diferentes apareceu nas três cenas de crime, se a carenagem tiver sido modificada. Além disso, um pendrive com o vídeo dos assassinatos de Toulouse e Montauban foi encontrado no bolso da calça de Merah depois de sua morte, disseram as autoridades na quarta-feira em um Tribunal Superior de Paris.
A série de crimes colocou a França em alerta e despertou a atenção da comunidade internacional sobre a adoção de medidas de seguranças antiterrorismo e o combate ao fanatismo religioso. O governo de Israel cobrou providências das autoridades francesas, enquanto religiosos muçulmanos condenaram as ações de Merah. Aos policiais, quando estava cercado por eles, Merah disse que havia provocado as mortes como vingança pela violência contra palestinos. Também disse que era ligado ao grupo terrorista Al Qaeda.