Sevilha - A direita venceu neste domingo pela primeira vez na História as eleições regionais em Andaluzia - uma vitória agridoce por não obter a maioria absoluta esperada, o que poderá fazer com que a esquerda continue no poder caso decida unir forças.
"Pela primeira vez na História, o Partido Popular (PP) venceu as eleições em Andaluzia, é um fato histórico. Seremos o partido com mais deputados e fomos a força mais votada", afirmou o presidente do PP em Andaluzia, Javier Arenas.
O PP obteve 50 deputados, a cinco da maioria absoluta, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) obteve 47 deputados e a coalizão Esquerda Unida (IU) conseguiu 12 deputados dos 109 que compõem a câmara regional.
"Vamos exercer nossa liderança no Parlamento de Andaluzia com humildade", afirmou Arenas na Sevilha, diante de militantes, muitos deles decepcionados, depois que os resultados ficaram muito longe da vitória por maioria absoluta indicada pelas pesquisas.
Os socialistas, que governam esta região do sul da Espanha desde 1982, poderão reverter a debacle prevista nas pesquisas e inclusive continuar no governo caso cheguem a um acordo com a IU.
"Hoje vimos que há uma maioria de votos em Andaluzia que não votou na direita e quer um caminho que defenda um modelo social de igualdade de oportunidades", disse o presidente em final de mandato e candidato socialista à reeleição, José Antonio Griñán.
Apesar de um desemprego recorde em Andaluzia de 31,23% - frente aos 22,85% nacionais - e de escândalos de corrupção, os socialistas da região conseguiram evitar a debacle sofrida por seu partido no nível nacional nas eleições gerais de 20 de novembro, que permitiu a chegada de Mariano Rajoy ao governo nacional.
O PSOE de Andaluzia "recuperou uma boa parte da confiança que tínhamos perdido nas gerais e hoje nenhuma força política pode governar sem contar com as demais", afirmou Griñán diante de partidários eufóricos, antes de pedir diálogo com todas as forças políticas com representação parlamentar para chegar a um governo estável.
Griñán pareceu lançar assim um sinal para a IU, cujos 12 deputados, a maioria conseguida em detrimento do PSOE, tornaram-se importantes para a governabilidade.
"O povo tinha uma forte batalha frente à injustiça social. É um novo tempo político e é uma responsabilidade clara para os membros da IU", disse o coordenador da IU na Andaluzia, Diego Valderas, cujo partido se opõe frontalmente às políticas de austeridade do PP, pelo que parece difícil que possa chegar a um entendimento com o PP.