Sarkozy terá que pisar em ovos: mais de 6 milhões de muçulmanos vivem na França e, além de não entrar em conflito com os seguidores do islã, ele precisará manter a cautela para não afastar os eleitores de centro-direita ; o que lhe custaria o poder. ;Ele não pretende estigmatizar os muçulmanos, não quer considerar que muitos estejam ligados aos fundamentalistas ou à rede Al-Qaeda;, afirmou ao Correio o francês Christian Malard, analista político da emissora TV France 5.
Vídeo mostra o momento do tiroteio
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Christian Malard, analista político da TV France 5 (em Paris), comenta o impacto dos atentados em Toulouse nas eleições presidenciais de 22 de abril
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Jacob Zenn, especialista da Jamestown Foundation (em Washington), fala sobre o grupo islâmico Jund Al-Kilhafah, que assumiu a matança em Toulouse
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As 32 horas de cerco
Tentativas de invasão, negociações, tiros e explosões marcaram a operação de 300 agentes da unidade de elite da polícia francesa
Quarta-feira
3h (23h de terça-feira em Brasília)
Início da operação no pequeno prédio em um bairro residencial de Toulouse, onde Mohamed Merah se escondia no primeiro andar.
3h20
O suspeito fere dois policiais. O primeiro é atingido no joelho, o segundo recebe um tiro em seu colete à prova de balas. Um terceiro também é ferido no ombro pouco tempo depois.
Entre 4h e 6h
A mãe de Merah, seu irmão Abdelkader, de 29 anos, e a namorada deste são colocados em prisão preventiva. Explosivos são encontrados no carro de um dos irmãos de Merah.
5h45
Tiros são ouvidos esporadicamente.
7h
Início das negociações com o assassino em série. O ministro do Interior, Claude Guéant, explica que Merah ;fala muito sobre o seu compromisso com a Al-Qaeda e com a causa jihadista;.
9h20
;Nossa dificuldade é detê-lo vivo;, declara Guéant. Merah diz que se renderia ;durante a tarde;, informa o ministro. Ele pede um rádio para se comunicar com a polícia, em troca de sua pistola, que foi jogada pela janela. Ele afirma possuir um fuzil Kalashnikov, uma metralhadora Uzi de fabricação israelense e armas de pequeno porte.
11h
Negociações interrompidas. Meia hora depois, os moradores do prédio são evacuados.
13h15
Retomada das negociações.
14h20
O presidente Nicolas Sarkozy chega a um quartel militar, próximo ao imóvel. Ele deixa o local 40 minutos depois e vai a Montauban, onde participa do funeral dos paraquedistas mortos por Merah.
17h
O procurador de Paris, François Molins, informa sobre as várias tentativas de invasão por parte da unidade de elite da polícia. A cada vez, o ataque é respondido com tiros. O suspeito fala de uma rendição ;durante a tarde ou no início da noite;.
21h
O bairro mergulha na escuridão.
22h45
Merah rompe o contato após dizer que queria ;morrer como mujahid (guerrilheiro islâmico), com as armas nas mãos;. Segundo o procurador, o fanático ;recusa um julgamento;, não suporta a ;ideia de acabar a vida em uma prisão;.
23h30
A operação acaba com granadas, utilizadas para explodir as janelas do apartamento. Dois tiros de resposta.
Quinta-feira
De 0h às 5h50
Merah não dá mais sinal de vida. Um feixe de luz varre a fachada. A polícia corta a água, gás e e a energia elétrica.
5h50
Mais uma vez granadas são lançadas no apartamento. Os negociadores não sabem se Merah está morto ou vivo.
10h30
Três fortes detonações são ouvidas nas proximidades do prédio.
11h10
A polícia invade o apartamento pela porta e pelas janelas. Três granadas são lançadas para que o suspeito reaja. Ele se aproxima.
11h30
Merah sai do banheiro e abre fogo ;com extrema violência;, segundo Claude Gueant. O tiroteio pesado e as explosões são ouvidos por cinco minutos. Trezentos cartuchos de bala são utilizados no total. Um policial é ferido no pé.
Pouco depois das 11h30
Merah ataca a polícia a partir do apartamento. Ele pula a janela atirando. É encontrado morto no chão, ;atingido na cabeça por franco-atiradores; posicionados fora do prédio.