O governo francês considera a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio%2b20, uma oportunidade única para dar visibilidade a um tema ofuscado na agenda internacional pela crise econômica. A delegação francesa, composta por aproximadamente 300 integrantes, vai insistir na consolidação das metas estabelecidas há vinte anos pela Rio-92. Segundo o embaixador Yves Saint-Geours, o governo francês pretende direcionar esforços para a sustentação da "economia verde"com uma base social e o fortalecimento de uma governança internacional sobre o tema.
Na avaliação do embaixador, o meio ambiente permanece uma das agendas prioritárias da União Europeia, em que pese a crise econômica instalada no continente. "Os europeus podem ter papel ativo e concreto na Rio %2b 20. Apesar da crise, vamos propor medidas para o meio ambiente", adianta Yves Saint-Geours. No entendimento do diplomata, a busca de soluções que estimulem o desenvolvimento sustentável é fundamental para oferecer saídas ao continente emperrado pela recessão e pela crise fiscal. "Não posso dizer que teremos grandes resultados, mas nosso desafio é encontrar um novo viés de crescimento", analisa o embaixador.
O segundo ponto a ser defendido pela delegação francesa é o estabalecimento de uma governança internacional para tratar de questões ambientais. Os instrumentos da Organização das Nações Unidas, pontua Saint-Geours, ainda são insuficientes para obter avanços nesse tema. A criação de uma agência mundial, com poder efetivo para acompanhar a execução de políticas públicas que conciliem crescimento econômico com preservação do meio ambiente, constituiria um marco importante a ser alcançado na Rio%2b20.
Caças e Educação
Na relação com o Brasil, o embaixador destaca o crescimento do comércio bilateral ; com um aumento de 23% em 2011 ; as parcerias franco-brasileiras, especialmente na área de educação. Sobre a venda de caças Rafale para as Forças Armadas, o governo francês mantém a disposição de negociar, apesar das idas e vindas de Brasília, e aguarda um desfecho do caso para 2012. "Seria uma desilusão se a decisão (sobre os caças) não sair este ano", comenta Yves Saint-Geours.
Se está cauteloso nos assuntos referentes à Defesa, o embaixador demonstra entusiasmo no projeto Ciência sem Fronteiras. Até 2014, o governo francês pretende oferecer a 10 mil brasileiros a oportunidade de estudar nas universidades do país europeu. "Isso é mais importante do que muitas outras parcerias", ressalta o diplomata. Yves Saint-Geours acredita que o investimento em recursos humanos é um trabalho de longo prazo, com benefícios para as duas economias. Hoje três mil brasileiros estudam na França, segundo o chefe da representação.