Tegucigalpa - Um mês depois do incêndio em uma prisão em Honduras que deixou 361 mortos, famílias de 125 vítimas vivem ainda o suplício de esperar a entrega dos cadáveres, diante do lento processo de identificação dos restos mortais carbonizados.
Na meia-noite de 14 de fevereiro, a prisão de Comayagua, localizada a 90 km ao norte de Tegucigalpa, incendiou-se com 852 presos dentro - o dobro da capacidade -, muitos dos quais morreram presos nas celas, carbonizados e asfixiados pela fumaça.
As autoridades de Medicina Forense do Ministério Público (MP) conseguiram até hoje identificar 236 corpos, mas os parentes de 125 continuam em uma angustiante espera.
"Temos um mês. Estamos desesperados porque não nos entregaram os corpos", disse José Leonidas Medina (69) que espera o cadáver de seu filho, Omar Medina (30).
Cerca de 200 pessoas se abrigam no Instituto de Formação Profissional (Infop), improvisado pelo governo para a espera. Alguns estão em barracas e outros em um amplo salão de eventos do centro de capacitação de mão de obra.
"Apenas nos dizem: ;esperem, esperem que não vieram os resultados de DNA do Chile;. Não me explicaram por que demoram tanto", lamentou Ramón Amílcar Navarro (60), que perdeu um filho de 21 anos no incêndio.
Nesta quarta-feira, o cansaço e a ansiedade levou meia centena de familiares a caminhar seis quilômetros do Incop até a sede do MP para exigir agilidade nas identificações dos corpos.
"Justiça, justiça", gritavam também os manifestantes, em frente ao edifício do MP, no bairro de Lomas del Guijarro, nordeste da capital, pois afirmavam que o incêndio tem origens "criminosas".
Um relatório de uma equipe do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos de Estados Unidos (ATF, da sigla em inglês) assegurou que a origem do fogo foi acidental, causado por uma chama aberta (um cigarro, um acendedor ou um fósforo).
O incêndio de Comayagua é uma das piores catástrofes ocorridas em uma prisão no mundo.