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Atentado durante visita de secretário dos EUA ao Afeganistão deixa 9 mortos

Afeganistão - Duas bombas mataram nove pessoas nesta quarta-feira (14/3) no sul do Afeganistão, pouco depois da chegada à região do secretário de Defesa americano, Leon Panetta, para tentar diminuir a tensão nas relações entre os dois países, após a matança de 16 civis afegãos por um soldado americano.

Panetta chegou nesta manhã em Camp Bastion, uma base militar na província de Helmand, vizinha de Kandahar, local do massacre de domingo. O sul do Afeganistão é um dos principais redutos dos rebeldes talibãs, que juraram vingar as vítimas assassinadas. Pouco tempo depois, um atentado matou pelo menos uma pessoa e feriu outras duas, todos membros do serviço secreto afegão, em Kandahar, capital da província de mesmo nome, segundo as autoridades locais. Mais oito civis morreram na explosão de uma bomba que estavam em um veículo em Helmand, de acordo com autoridades locais.

Na terça-feira, em Panjwayi, distrito de Kandahar, desconhecidos atacaram uma delegação enviada pelo governo afegão para investigar o massacre. Na ação, um soldado morreu e um policial ficou ferido. As autoridades acusaram imediatamente os talibãs, que combatem o governo de Cabul e seus aliados ocidentais há 10 anos.

Em Helmand, Panetta deve se reunir com líderes locais para tranquilizar a população depois da matança. Durante a sua visita, também está previsto um encontro com o presidente Hamid Karzai. Além da ameaça de represália por parte dos talibãs, os americanos continuam preocupados com a possibilidade de o massacre desencadear um movimento de contestação parecido com o provocado pela queima de exemplares do Alcorão por soldados americanos no fim de fevereiro, em uma base de Bagram, norte de Cabul.

Ao chegar em Helmand, Panetta declarou, diante de suas tropas, que a queima do Alcorão e o massacre de domingo foram eventos "profundamente preocupantes" que ameaçam o esforço de guerra americano. "Não vamos deixar que atos individuais prejudiquem a nossa determinação" nesta guerra, acrescentou.

A multiplicação de incidentes provocados por soldados americanos nos últimos meses (massacres, Alcorões queimados, vídeo de soldados urinando em cadáveres, ataque de soldados afegãos contra eles) alimentam as tensões entre Washington e o governo de Cabul, no poder desde 2001 apesar da obstinada rebelião Talibã.

Complica as negociações, já difíceis, entre Washington e Cabul sobre a presença americana no país a partir de 2013, data em que a força da Otan (ISAF), liderada pelos Estados Unidos, prevê a retirada de todas as suas tropas de combate.

Na ausência de uma vitória militar clara contra os talibãs e o aumento dos incidentes, fizeram com que alguns líderes ocidentais evocassem a possibilidade de uma retirada antecipada. Os Estados Unidos prevê, desde o ano passado, reduzir o número de suas tropas de 90 mil soldados para 68 mil até setembro, e de retirar todo o resto até o final de 2014.

Na terça-feira, o presidente Barack Obama advertiu contra a retirada "precipitada" das tropas no Afeganistão. Seu antigo adversário, o senador republicano John McCain, estimou que a missão no Afeganistão estava "comprometida" devido aos anúncios de Obama a propósito da retirada das tropas.