Guatemala - Cinco ex-paramilitares enfrentarão a Justiça guatemalteca a partir de quarta-feira (13/3) por um massacre de 256 indígenas ocorrido em 1982 no norte do país, durante a guerra civil (1960-1996), informou nesta terça-feira (13/3) o querelante no processo.
O debate oral e público será feito no Tribunal de Maior Risco A - dois dias depois de um militar ter sido condenado a 6.060 anos por outro massacre de indígenas - e poderá ser concluído em duas semanas, segundo o Centro de Ação Legal para os Direitos Humanos (Caldh).
Quatro dos acusados fazem parte das Patrulhas de Autodefesa Civil (PAC), enquanto o quinto atuou como comissário militar, afirmou o porta-voz do Caldh, José Rodríguez.
O massacre dos 256 indígenas da etnia maia Achí ocorreu em 18 de julho de 1982 na comunidade de Plan de Sánchez, no município de Rabinal, no departamento de Baja Verapaz (norte).
O Caldh apresentará 20 testemunhas e cinco peritos para provar a participação dos cinco ex-paramilitares no massacre, praticado durante o governo do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983). Este será o segundo caso por um massacre a chegar a julgamento na Guatemala, onde a impunidade alcança 98% dos casos que chegam aos tribunais, segundo a ONU e órgãos de direitos humanos.
O militar Pedro Pimentel foi condenado na noite de segunda-feira a 6.060 anos de prisão pelo massacre de 201 camponeses ocorrido em uma aldeia de Petén (norte), também em 1982, durante o governo de fato de Ríos Montt.
No mesmo processo por esse massacre, já haviam sido condenados em agosto passado quatro ex-militares a 6.060 anos, uma sentença simbólica, pois a pena máxima de prisão na Guatemala é de 50 anos.
Uma Comissão da Verdade da ONU documentou 669 massacres durante a guerra civil, das quais 626 foram atribuídos às forças do Estado, a maioria realizada durante os governos de fato de Ríos Montt e Oscar Mejía Víctores (1983-1986).
Tanto as PAC como a figura do comissário militar foram criadas pelo Exército durante a guerra e foram dissolvidas com a assinatura dos acordos que em 1996 colocaram fim a 36 anos de um conflito que deixou 200.000 mortos e desaparecidos.