Johannesburgo - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 93 anos, foi hospitalizado neste sábado por recomendação médica devido a uma prolongada dor abdominal, mas se encontra bem e deverá receber alta neste domingo ou segunda-feira. "Madiba está bem, totalmente consciente. Estamos contentes que não esteja em perigo e agradecemos aos médicos por seu trabalho duro e seu profissionalismo. Ele recebe bons cuidados médicos e deve sair do hospital amanhã (domingo) ou segunda-feira", declarou o presidente Jacob Zuma em um comunicado, no qual chama Mandela por seu nome de clã.
"Os médicos estão satisfeitos com seu estado, dizem que é de acordo com sua idade. Estava em boa saúde antes de ser hospitalizado, mas os médicos sentiram que suas queixas precisavam de um exame mais completo", acrescentou.
"Madiba tem um problema abdominal há tempos e os médicos acham que é preciso uma assistência especializada", informou mais cedo o porta-voz da presidência, Mac Maharaj, ao canal de notícias e-news.
"Não quero entrar em detalhes porque queremos preservar a intimidade da família do presidente Mandela e evitar os rumores", acrescentou, assegurando que a presidência manterá o país a par da evolução da situação. "A hospitalização de Mandela não é uma urgência", indicou, por sua parte, Keith Khoza, porta-voz do Congresso Nacional Africano, o partido no poder, desmentindo os rumores de que o ex-presidente seria operado. A presidência não informou em que hospital Mandela está internado.
A saúde do líder da luta contra o apartheid, conhecido pelo apelido carinhoso de Madiba, já criou temores no país quando ele foi hospitalizado no início do ano passado devido a uma aguda infecção respiratória. "Desejamos a ele uma pronta recuperação e asseguramos nosso amor e os votos de todos os sul-africanos e todas as pessoas do mundo", afirma o comunicado da presidência, que pede a "todos que respeitem a intimidade de Madiba e de sua família durante este período".
Mandela apareceu em público pela última vez na final da Copa do Mundo de Futebol, disputada na África do Sul, em junho de 2010. E sua última intervenção nos meios de comunicação sul-africano remonta a 7 de outubro. Nelson Mandela permaneceu vários meses em seu povoado na província de Cabo Oriental (sul), onde celebrou seu 93; aniversário em janeiro, e voltou a sua residência de Johannesburgo no final de março.
Preso durante 27 anos pelo regime racista do apartheid e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1993, foi eleito em 1994 primeiro-presidente negro da África do Sul nas primeiras eleições multirraciais do país. Aposentou-se em 1999 depois de um único mandato.
Mandela é alvo de um verdadeiro culto em seu país, onde sua imagem e citações são onipresentes. Várias avenidas têm seu nome, suas antigas moradias viraram museu e seu resto e nome aparecem em todos os tipos de recordações para turistas.
O presidente Zuma anunciou em 11 de fevereiro que uma nova série de cédulas com sua efígie será colocada em circulação antes do final do ano.
Os rumores sobre seu estado de saúde agitam regularmente as redes sociais. No final de dezembro, um jornalista anunciou no twitter sua hospitalização depois da difusão por parte de um canal de tv de uma retrospectiva de 2011 que recordava sua doença de janeiro, o que obrigou a presidência a tranquilizar a população.