Madri - Milhares de manifestantes invadiram neste domingo (19/2) as ruas de Madri e Barcelona, principalmente, em resposta massiva à convocação dos grandes sindicatos espanhóis para protestar contra a reforma trabalhista que, segundo eles, "acelerará a destruição de empregos".
Manifestações similares estavam previstas em 57 cidades da Espanha contra a reforma anunciada pelo governo conservador com o objetivo de tentar tirar o país da crise e de um desemprego recorde, de 22,85%. Em Madri, os manifestantes convocados pelos grandes sindicatos UGT e Comissões Operárias (CCOO), atravessaram o centro da capital com cartazes com frases como "não à reforma trabalhista injusta, ineficaz, inútil" ou "abaixo à reforma e aos cortes. Greve geral".
Na falta de números da polícia, fontes sindicais contabilizaram em 500 mil os manifestantes na capital. Greve! Greve! Greve" ou "o povo unido jamais será vencido", eram os gritos mais ouvidos. Em Barcelona, os sindicatos garantem que cerca de 400 mil pessoas participam dos protestos, enquanto a guarda municipal ainda contabilizava os participantes. De acordo com os sindicatos, 150 mil pessoas protestaram em Valência (leste).
Em Barcelona, o cartaz principal dizia "nem reforma trabalhista, nem cortes" e nos demais lia-se "não à reforma PPatronal", em alusão ao Partido Popular (PP), no poder, ou eram ouvidos slogans como "banqueiros ladrões devolvam os milhões", lançados por funcionários de bancos. Após os grandes cartazes, os manifestantes marchavam em meio a um ambiente animado e barulhento pelos tambores e por ruidosas bozinas e sirenes.
Em meio a pessoas com bandeiras, cartazes, faixas, adesivos no peito nos quais predominava a presença de uma tesoura com um sinal de proibido, apareciam alguns pais com seus filhos. "O governo terá que escutar a voz das ruas e abrir um processo de negociação na segunda-feira", declarou pouco antes do início da marcha o secretário-geral do sindicato UGT da Catalunha, Josep María Alvarez, enquanto o líder do CCOO, Joan Carles Gallego, declarou à imprensa que "estamos nas ruas e continuaremos nas ruas".
"Se não for aberto um processo de negociação com o Governo e não possamos modificar a reforma, as manifestações prosseguirão e uma delas pode ser a greve geral", advertiu Alvarez. "É preciso se mover, começam com isto e depois vão tirar mais direitos", disse em Madri Victor Ogando, um manifestante de 44 anos com um chapéu preto com o símbolo vermelho e branco do CCOO, ex-funcionário da construção, atualmente desempregado.
Entre a multidão também marchavam professores com a camiseta "maré verde", um movimento de protesto nascido em setembro contra os cortes na educação na região de Madri, ou manifestantes do movimento dos indignados.
O governo de Mariano Rajoy adotou no dia 11 de fevereiro uma nova reforma para flexibilizar o mercado de trabalho, incluindo a redução das indenizações de demissões e medidas paras estimular o emprego de jovens, quando a Espanha suporta a porcentagem de desempregados recorde no mundo industrializado.