Washington - A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, receberam favoravelmente, nesta sexta-feira (17), o envio por parte de Teerã de uma correspondência na qual o Irã se diz pronto a retomar as discussões sobre seu programa nuclear.
"É bom ver chegar esta carta", declarou Ashton durante uma entrevista à imprensa, em Washington, junto com Hillary Clinton, ao falar sobre o documento recebido, em Bruxelas, das mãos do negociador iraniano Said Jalili.
"É talvez possível que o Irã esteja prestes a se comprometer com as discussões. Vamos continuar a debater o assunto, para estarmos certos de que a oferta é bem concreta", prosseguiu Ashton. "Estou prudentemente otimista em relação a isto", acrescentou.
Numa correspondência datada de 14 de fevereiro e dirigida a Ashton, o emissário do grupo dos 5%2b1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha %2b Alemanha), Said Jalili, propôs reiniciar "o mais rápido possível" as negociações sobre o programa nuclear iraniano, incluindo "o respeito ao direito do Irã de uso pacífico da energia nuclear".
Said Jalili respondeu, com esses termos, a uma outra carta enviada em outubro por Catherine Ashton estabelecendo os termos para uma volta às negociações. Ela destacou então que uma solução deveria se concentrar "na questão principal, relativa às preocupações com a natureza" do programa nuclear iraniano.
"Trata-se de um gesto importante", disse Hillary Clinton, ao falar da carta de Jalili. "Como dizia o documento de Catherine Ashton de outubro, toda a discussão com o Irã deve começar por um debate sobre seu programa nuclear; e a resposta iraniana a Catherine Ashton parece reconhecer e aceitar as condições", prosseguiu.
"Sabemos que se decidirmos progredir (no caminho de uma retomada das discussões), teremos que ter certeza de um esforço sustentado do Irã de comparecer regularmente à mesa de negociações até chegarmos a uma solução que faça Teerã respeitar suas obrigações internacionais", acrescentou Hillary.
As últimas negociações entre o Irã e o grupo dos 5%2b1 remontam a janeiro de 2011 em Istambul, na Turquia.
O Irã parece ter deliberadamente esperado o anúncio oficial de seus últimos avanços no domínio nuclear antes de dar sua resposta a Ashton.
Assim, Teerã confirmou na quarta-feira ter conseguido produzir seu próprio combustível atômico enriquecido a 20% para seu reator de pesquisas científicas. Da mesma forma, afirmou ter aumentado em 50% o número de suas centrífugas de primeira geração em atividade, que passaram de 6.000 a 9.000.