Na noite de quinta-feira, a Procuradoria de Hannover (norte) havia reclamado que sua imunidade fosse suspensa por suspeitas de corrupção por ele ter obtido várias vantagens de amigos empresários. A chanceler Angela Merkel, a promotora da eleição de Wulff, cancelou de última hora sua visita à Itália, onde deveria se reunir com o primeiro-ministro Mario Monti, para fazer uma declaração na qual pediu consenso para designar o próximo presidente alemão.
Conservador moderno
Wulff sempre projetou uma imagem de conservador moderno e sem problemas até os escândalos o levarem às primeiras páginas da imprensa. Elegante, sorridente, Wulff foi eleito presidente em 30 de junho de 2010 através do grande empenho de Merkel, depois da surpreendente renúncia de seu antecessor Horst K;hler. Ele só foi eleito depois da terceira rodada de uma votação em que bastava a maioria simples, o que constituiu uma humilhação para a chanceler.
Até a explosão dos escândalos, o presidente, considerado sem maior relevância, mantinha excelentes relações com a imprensa, mas os vínculos que estabeleceu com empresários quando dirigia o Estado regional da Baixa Saxônia (norte), entre 2003 e 2010, foram fatais a ele. Antes dos recentes escândalos, em que chegou a ameaçar o chefe de redação do poderoso tabloide Bild e meses depois de chegar à presidência, este católico praticante provocou polêmica nas fileiras conservadoras quando afirmou que o Islã fazia parte da Alemanha, durante a celebração do vigésimo aniversário da Reunificação, em 3 de outubro de 2010.
Também surpreendeu em agosto passado ao criticar a compra pelo Banco Central Europeu (BCE) de obrigações de países em dificuldade, em plena crise do euro. Levando em conta o apego da Alemanha ao princípio da independência dos bancos centrais, essa intromissão do presidente em assuntos monetários foi algo inesperado.
Em setembro passado, antes da visita do Papa Bento XVI, Wulff, divorciado e casado novamente, afirmou que a Igreja católica deveria ser mais compreensiva com os divorciados.