Assunção - Centenas de sem-terras paraguaios, chamados de ;carperos;, desistiram de ocupar terras de colonos brasileiros situadas na fronteira e se retiraram do local, anunciou nesta quarta-feira (7) o ministro do Interior do Paraguai, Carlos Filizzola.
Os ;carperos; abandonaram de forma pacífica as áreas próximas às propriedades particulares dos brasileiros e se instalaram em territórios públicos, em Ñacunday, departamento (província) do Alto Paraná, indicou o funcionário.
"Não houve incidente algum", assegurou o secretário de Estado, ressaltando que, desta forma, a ordem judicial de despejo foi acatada.
A saída ocorreu dias depois do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmar que seu governo usará todos os meios legais para garantir a segurança dos colonos brasileiros e fazendeiros proprietários das terras.
"O governo rechaça qualquer ideia de violência ou justiça pelas próprias mãos proveniente de quem quer se seja e já instruiu a força pública a utilizar todos os meios disponíveis para assegurar a ordem pública e a segurança das pessoas", afirmou em um comunicado.
Os ;carperos; ameaçaram invadir várias terras que, segundo eles, possuem títulos falsos e fazem parte de bens obtidos durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).
Várias áreas ocupadas por colonos brasileiros "são terras fiscais que pertencem ao povo e devem ser confiscadas e distribuídas aos sem-terras", afirmou publicamente Belarmino Balbuena, líder do Movimento Campesino Paraguaio (MCP).
Por sua vez, porta-vozes de produtores colonos solicitaram garantias de segurança para trabalhar e produzir, garantindo possuir títulos legais das terras ameaçadas.
O conflito entre ;carperos; e produtores da área que faz fronteira com o Brasil começou depois de o governo descobrir irregularidades em títulos de grandes extensões de terras, segundo a Federação Nacional Campesina (FNC).