O Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne as principais tendências da oposição, afirmou neste domingo que o veto de Rússia e China a uma resolução na ONU que condenava a repressão na Síria dá ao regime de Bashar al-Assad uma "autorização para matar com impunidade".
"O CNS condena energicamente o veto imposto por Moscou e Pequim ao projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU e considera esta decisão irresponsável como uma autorização ao regime sírio para matar com impunidade", afirma um comunicado.
A oposição síria denunciou que durante a madrugada de sexta-feira para sábado, bombardeios do regime de Assad mataram mais de 230 civis na cidade de Homs, centro do país, em um verdadeiro massacre. Além disso, no sábado a violência deixou 48 mortos na Síria, incluindo 24 civis e 18 soldados do Exército oficial, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização com sede na Grã-Bretanha.
A organização informou que seis desertores também morreram nos confrontos. O OSDH destacou ainda que nove militares faleceram neste domingo em confrontos com desertores no noroeste do país. A Rússia afirmou neste domingo que os países ocidentais são responsáveis pelo fracasso da votação da resolução. "Em Moscou lamentamos que os autores do projeto de resolução sobre a Síria não tenham desejado fazer os esforços adicionais necessários para alcançar um consenso", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guennadi Gatilov.
Mas a reação da comunidade internacional foi dura. Treze dos 15 países do Conselho votaram a favor do projeto proposto pelos países árabes e europeus, que apoiam um plano da Liga Árabe para assegurar uma transição para a democracia na Síria e que denuncia as "contínuas violações" dos direitos humanos cometidas pelo regime de Assad.
O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, acusou a Rússia e a China de terem "abandonado" o povo sírio e encorajar a brutal repressão do regime de Assad e o embaixador francês na ONU, Gérard Araud falou em um "dia triste para o Conselho, para os sírios e para os amigos da democracia".
Neste domingo, o primeiro-ministro tunisiano, Hamadi Jebali, defendeu que todos os países expulsem os embaixadores da Síria como medida de protesto pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad. Na Austrália, a embaixada da Síria foi atacada e saqueada parcialmente por manifestantes, informou a polícia de Canberra. No sábado, as embaixadas sírias em Atenas, Berlim, Cairo, Kuwait e Londres também foram atacadas, após as informações do massacre de 230 pessoas em Homs.