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Presidente da Nigéria promete medidas de segurança após onda de violência

Menos de 48 horas após a série de explosões que deixou dezenas de vítimas em Kano, a segunda maior cidade da Nigéria, a onda de violência se deslocou para Tafawa Balewa, no estado de Bauchi. Dez pessoas morreram em um ataque contra uma comunidade de cristãos. Segundo testemunhas, homens lançaram granadas artesanais contra as casas, surpreendendo os moradores, que dormiam. ;Várias pessoas morreram nessas explosões, outras faleceram por tiros de armas automáticas enquanto saíam precipitadamente;, disse um dos líderes da comunidade, que acusou os Hausa-Fulani, etnia muçulmana, pelo ataque.

Segundo o porta-voz da polícia, Mohammed Barau, seis suspeitos foram detidos. A cidade de Tafawa Balewa está situada na linha de divisão entre o norte, majoritariamente muçulmano, e o sul, cristão. Em 2011, confrontos sectários deixaram pelo menos 35 mortos, com mesquitas e casas queimadas.



Ontem, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, visitou a cidade de Kano, alvo de ataques coordenados promovidos pelo grupo radical islâmico Boko Haram, na noite de sexta-feira. De acordo com o jornal local Leadership, o número de mortos pode chegar a 215. ;Um ataque terrorista contra uma pessoa é um ataque contra todos nós;, afirmou Jonathan, enquanto inspecionava os locais atingidos, principalmente postos policiais e serviços de imigração. Após se reunir com o líder muçulmano da cidade, o emir Ado Bayero, o presidente prometeu ampliar a segurança nacional.

Toque de recolher
Com a situação mais calma, as autoridades decidiram reduzir o toque de recolher, decretado logo após os ataques. Desde ontem, a restrição vale do início da noite ao amanhecer. Mas as ruas da cidade seguiram amplamente desertas ontem de manhã. Muitos policiais e militares estavam mobilizados nas praças estratégicas e em postos de controle instalados nas principais avenidas.

Horas após o ataque, um porta-voz do grupo islamita Boko Haram reivindicou a autoria, a um jornal local, explicando que o grupo agira em represálias às negativas do governo de libertar membros da organização que estão presos.

Os governos da Alemanha, do Reino Unido e da França condenaram firmemente esses ataques. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também repudiou os atentados, dizendo-se ;horrorizado; com a onda de violência. ; (Ban) condena, nos termos mais enérgicos, os ataques coordenados ocorridos na cidade de Kano, causando muitas mortes e destruição;, afirmou Martin Nesirky, porta-voz da ONU, em comunicado.

O Boko Haram (grupo cujo nome significa ;A educação ocidental é um pecado;) reivindicou diversos ataques, incluindo o atentado suicida cometido em agosto de 2011 contra a sede da ONU em Abuya, que deixou 25 mortos. Recentemente, a organização também assumiu a autoria de uma série de atentados contra igrejas cristãs, como o cometido no Natal, com um saldo de 49 mortos.