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Gingrich acirra disputa pelo direito de enfrentar Obama em eleições

Mitt Romney e Newt Gingrich começaram, ontem, a mais dura batalha pela preferência do eleitor republicano. A oito dias da primária da Flórida, prevista para 31 de janeiro, ambos partiram para o ataque mútuo, que deve se repetir nos debates programados para esta semana. Fortalecido após uma vitória esmagadora na Carolina do Sul, Gingrich terá de aproveitar seus momentos ao microfone para repetir o feito dos últimos dias, quando se saiu muito melhor que Romney, ainda favorito para representar o partido na disputa à Casa Branca. A Flórida é um estado-chave para a disputa e, provavelmente, apontará o republicano que deverá enfrentar o presidente democrata Barack Obama nas eleições de novembro.


Já na manhã de ontem, os favoritos para a briga contra Obama dispararam críticas um ao outro em programas de TV dos Estados Unidos. No Fox News Sunday, Mitt Romney minimizou sua derrota na Carolina do Sul, afirmando que os eleitores não vão escolher um candidato que ;passou 40 anos em Washington como um lobista;. Gingrich, ex-presidente da Câmara, também acionou a metralhadora verbal contra o principal concorrente. Considerado mais conservador, ele dedicou a vitória aos americanos. ;Que pensam que as elites de Washington e Nova York não nos entendem, não se preocupam conosco, não são dignas de confiança e, no fim das contas, não nos representam absolutamente;, assinalou.

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As primárias na Carolina do Sul deram a Gingrich sua primeira vitória e um novo fôlego na disputa. A história, porém, pode não se repetir na Flórida. Primeiro, porque a Carolina do Sul é um estado tipicamente conservador, que acabou abraçando o discurso de Gingrich em detrimento do moderado Romney, ex-governador de Massachusetts. ;Cerca de 80% das pessoas que votaram nas primárias de sábado se identificam como conservadoras. E, nas eleições gerais, esse estado sempre vota com os republicanos, não importa quem seja o candidato;, destacou o professor Richard Benedetto, da American University, em entrevista ao Correio. Além disso, Gingrich foi privilegiado pelas circunstâncias, aponta o especialista.


No debate da emissora ABC, na semana passada, a primeira pergunta direcionada a Gingrich tratou sobre a suposta infidelidade à sua segunda mulher. ;Foi uma oportunidade perfeita para que ele atacasse a mídia e usasse toda a sua habilidade retórica para fazer com que os conservadores acreditassem no seu discurso;, aponta Benedetto. ;Isso funcionou muito bem uma vez, mas eu tenho certeza de que não vai acontecer de novo;, aposta. No sábado, Gingrich conquistou 40,4% dos votos, contra 27,9% para Romney. O candidato moderado também tem uma vitória até agora, no estado de New Hampshire. Em Iowa, o vencedor foi o cristão conservador Rick Santorum, que conquistou 17% dos eleitores na Carolina do Sul, ficando em terceiro lugar.

Temores

Santorum, que poderia dar apoio decisivo a um dos dois favoritos, permanece na disputa da Flórida. Ontem, ele fez duras críticas a Gingrich, embora também não defenda Romney. ;Essa não é uma escolha entre um conservador e um moderado. É uma escolha entre um moderado e um conservador errático, alguém que, em muitos dos principais temas, tem estado errado;, declarou, no programa This Week, da rede de TV ABC. Outros líderes republicanos também temem que a figura controversa de Gingrich atrapalhe a disputa por cadeiras no Congresso. ;Os correligionários agora se perguntam: se Gingrich for o eleito, o que as pessoas que não gostam dele de jeito nenhum vão fazer?;, comenta o professor Benedetto.


Com essa bola dividida, a disputa na Flórida parece ser decisiva. Nas primárias republicanas de 2008, 1,9 milhão de pessoas foram às urnas ; mais do que o total de eleitores dos três estados onde já ocorreu a escolha do candidato este ano. Além disso, a Flórida não tem um perfil definido: ajudou a eleger George W. Bush em 2004 e Barack Obama em 2008. ;Os republicanos sabem bem, e não apenas os republicanos da Flórida, que, se um candidato não pode vencer na Flórida, sem dúvida não ganhará a corrida à Casa Branca;, disse à agência France-Presse Susan MacManus, professora de ciência política da Universidade do Sul da Flórida.

;Direito fundamental;

Tema polêmico e constante tópico de debates em campanhas presidenciais, o direito ao aborto voltou a ser defendido pelo presidente Obama. Há 39 anos, completos ontem, a Suprema Corte dos EUA garantiu às mulheres a liberdade de abortar, mas o assunto permanece controverso no país. Obama admitiu que
o tema é ;sensível e com frequência polêmico;, mas disse estar ;decidido a proteger o direito da mulher.; ;O governo não deveria se intrometer
nos assuntos que afetam a intimidade familiar;, reiterou.

Parlamentar se despede

A deputada americana Gabrielle Giffords, que sobreviveu a um tiro à queima-roupa em janeiro do ano passado, durante ato político em Tucson, no Arizona (oeste dos EUA), anunciou ontem que deixará o Congresso nos próximos dias para cuidar de sua saúde. A despedida foi feita por meio de um vídeo dirigido a seus correligionários e eleitores, difundido no YouTube. Na mensagem, a congressista democrata afirmou: ;Tenho mais trabalho a fazer na minha recuperação, razão pela qual para fazer o melhor para o Arizona, deixarei o cargo esta semana;.

Passado um ano do ataque, a fala da parlamentar ainda é vacilante e confusa. Mas ela é extremamente otimista. ;Estou melhorando a cada dia. Meu ânimo está elevado. Vou voltar e vamos trabalhar juntos pelo Arizona e por este grande país;, assinalou. Os médicos consideram a recuperação da congressista excepcional.

Gabrielle Giffords precisou lutar pela vida durante semanas após ser atingida na cabeça pelo disparo feito por um homem em uma aparente tentativa de assassinato. Jared Loughner, identificado como o autor dos tiros, descarregou a arma contra o público reunido em um ato político comandado pela parlamentar em frente a um supermercado de Tucson.
Seis pessoas morreram no ataque cometido em 8 de janeiro de 2011. Entre elas um juiz federal, uma menina de 9 anos e um integrante da equipe da congressista. ;Não me lembro muito desse dia horrível, mas nunca esquecerei a confiança que depositaram em mim para representá-los. Obrigada por suas orações e por me dar tempo para me recuperar;, afirmou Giffords.

Dois meses após o tiroteio, o suposto agressor foi declarado mentalmente incapaz para ser julgado. Especialistas constataram que Jared Loughner, um jovem de 23 anos, era esquizofrênico e incapaz de agir em defesa própria ou mesmo compreender processos judiciais. Loughner efetuou 31 disparos contra o grupo que participava do ato. Foi inicialmente acusado por cinco crimes, entre eles assassinato de funcionários federais e tentativa de homicídio.

Em agosto, Gabrielle Giffords fez um emocionante retorno à Câmara de Representantes, para votar o polêmico compromisso da dívida. Ao entrar no plenário, ela foi ovacionada de pé por colegas democratas e republicanos. No vídeo postado ontem no Youtube, de dois minutos de duração, ela declarou: ;Muitas coisas aconteceram no último ano. Isso não podemos mudar. Mas sei que nos temas pelos quais temos lutado, podemos mudar as coisas para melhor;.No início do mês, Gabrielle compareceu ao ato realizado em homenagem às vítimas do ataque.