MOSCOU - A Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, se opõe a qualquer sanção contra a Síria e o Irã e lamenta que haja países que queiram "fazer uso da força" na região.
"Não apoiaremos nenhuma sanção" contra Damasco, afirmou nesta quarta-feira o chanceler russo, Serguei Lavrov, em coletiva de imprensa, acrescentando que nenhum país que deseje uma intervenção militar na Síria "receberá mandado algum do Conselho de Segurança".
O emir do Qatar, Hamad Ben Khalifa al-Thani, se declarou favorável no sábado ao envio de tropas árabes à Síria, para "por fim à matança" nesse país, onde as autoridades reprimem há meses uma onda de protestos. A Síria respondeu, na terça-feira, que rejeita a proposta do Qatar.
A Rússia, país tradicionalmente aliado da Síria, bloqueou até agora todos os projetos do Conselho de Segurança da ONU destinados a condenar o governo do presidente Bashar al-Assad.
Os chanceleres da União Europeia devem impor novas sanções contra a Síria na próxima segunda-feira, acrescentando 22 pessoas e oito empresas à lista, disseram diplomatas europeus nesta quarta-feira.
A UE concordou com uma série de sanções contra o regime de Assad, que apontam 120 indivíduos e empresas, entre elas petrolíferas e de comunicação.
A Síria é abalada desde o dia 15 de março por uma mobilização popular contra o regime de Assad, que enviou suas tropas apoiadas por milícias às cidades rebeldes para silenciar os protestos, causando pelo menos 5.000 mortes, segundo a ONU.
Sobre uma intervenção armada no Irã, Lavrov insistiu nas "consequências muito graves" que um ataque ocidental teria: "Quanto às probabilidades de que esta catástrofe ocorra, seria preciso perguntar àqueles que mencionam constantemente esta opção".
"Não tenho a menor dúvida de que não faria nada além de colocar lenha na fogueira do conflito latente entre sunitas e xiitas. E não sei até onde iriam as reações em cadeia", acrescentou o chefe da diplomacia russa, mencionando, além disso, uma potencial crise de refugiados na região.
"Haveria amplos movimentos de refugiados do Irã, inclusive em direção ao Azerbaijão, e de lá para a Rússia", explicou. O ministro israelense de Defesa, Ehud Barak, afirmou, horas antes, que uma eventual decisão de atacar o Irã está "muito longe".
"Não há decisão de nossa parte, não há decisão a respeito de uma data para tomar tal decisão, tudo isso está muito longe", declarou Barak em resposta a uma pergunta sobre um eventual ataque israelense que poderia estar dirigido contra as usinas nucleares iranianas. Questionado sobre o que interpretava por "longe", Barak se recusou a fazer previsões.
Segundo o Wall Street Journal, os Estados Unidos estão preocupados que Israel esteja preparando uma ação militar contra o Irã e pôs em marcha um plano de emergência para proteger suas instalações na região.