Damasco - O emir do Qatar declarou ser partidário de enviar tropas de países árabes à Síria para "deter a matança" que já cobrou a vida de mais de 5.000 pessoas nos 10 meses da revolta contra o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Por outro lado, altos funcionários dos Estados Unidos afirmaram à AFP que o Irã fornece armas ao regime do presidente Bashar al-Assad, com as quais reprime os protestos opositores.
O cheque Hamad bin Khalifa al Thani se transformou no primeiro líder árabe a pedir publicamente a mobilização de tropas árabes na Síria, ao declarar no programa "60 Minutes", do canal CBS - que será transmitido neste domingo - que "alguns efetivos deveriam ir para acabar" com a violenta repressão das forças do presidente sírio.
A violência na Síria continua, apesar da presença, desde o dia 26 de dezembro, de dezenas de observadores enviados pela Liga Árabe para supervisionar a aplicação de um plano de saída da crise. Desde a chegada dos observadores, mais de 400 pessoas morreram, incluindo um responsável da ONU.
Neste sábado, quatro pessoas, entre elas um adolescente de 13 anos, morreram por causa de disparos das forças de segurança em Homs (centro), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Outras duas morreram por causa dos ferimentos na sexta-feira em Homs e Idleb (norte).
O chefe da Liga Árabe, Nabil al Arabi, declarou neste sábado à AFP que a missão dos observadores será reexaminada em uma reunião no dia 21 de janeiro no Cairo. Não ficou claro, contudo, se Al Arabi insinuava uma retirada da missão ou se referia a uma reorganização para torná-la mais efetiva. A oposição síria deseja que a Liga Árabe, incapaz de proteger os civis, entregue o caso à ONU.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, se mostrou disposto, na sexta-feira, a "apresentar uma nova resolução" no Conselho de Segurança da ONU para condenar a repressão, baseada no "dito e feito" pela Liga Árabe.
Já os Estados Unidos suspeitam que o Irã esteja ajudando o regime sírio, fornecendo armas e material de segurança. A suspeita se baseia no fato de que Qasem Soleimani, comandante da força de elite Quds da Guarda Revolucionária do Irã, visitou a capital síria este mês, disse um funcionário de Washington pedindo anonimato.
Neste sábado, o general desertor do exército sírio Mustafa al Sheij, que se refugiou recentemente na Turquia, deve anunciar a criação de um "Conselho Superior Militar" para planejar operações contra o regime de Damasco, que serão executadas pelo Exército Livre da Síria, que conta com cerca de 40.000 soldados desertores.