Um tribunal militar americano recomendou a corte marcial para o soldado Bradley Manning, acusado de ter entregue milhares de documentos confidenciais ao site Wikileaks, informou o Exército em um comunicado nesta quinta-feira.
O presidente do tribunal de Fort Meade (Maryland), tenente-coronel Pablo Almanza, concluiu que "existem motivos razoáveis para se acreditar que o acusado cometeu os crimes dos quais é acusado, e recomendou a aplicação da corte marcial".
Manning, 24 anos, enfrenta a possibilidade de prisão perpétua por "colaborar com o inimigo". Pesam sobre ele outras 21 acusações e seu advogado de defesa havia pedido que fossem deixadas de lado quase todas as demais acusações em uma audiência celebrada em dezembro. Segundo o comunicado militar, o magistrado recomendou a manutenção das 22 acusações.
Bradley Manning, que serviu no Iraque de novembro de 2009 até sua prisão, em maio de 2011, é acusado de entregar, entre novembro de 2009 e maio de 2010, o total de 260 mil despachos diplomáticos ao WikiLeaks, incluindo documentos relacionados às guerras do Iraque e Afeganistão, entre outros. "Estamos decepcionados mas não surpresos", disse, em nota, Jeff Paterson, diretor do Comitê de Apoio a Bradley Manning.
"O juiz não se preocupa com o conflito de interesses causado pela superposição de empregos no Departamento de Justiça ou do partido que tomar seu comandante-em-chefe, o presidente (Barack) Obama, que havia declarado Manning culpado publicamente muito antes do primeiro dia perante o tribunal", disse Paterson.
O tenente-coronel Almanza se negou a atender ao pedido da defesa, que alegava que ele não poderia continuar sendo imparcial enquanto trabalhasse no Departamento de Justiça, que abriu uma investigação sobre o WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange.
"Estas acusações estão em desacordo com as próprias estimativas do governo, que indicaram que o Wikileaks não representa uma ameaça para a segurança nacional", disse Kevin Zeese, assessor do Comitê de apoio. Em sua declaração final na audiência, o advogado de defesa civil de Manning, David Coombs, disse que o governo "exagerou neste caso" e pediu a Almanza para reduzir a apenas três as acusações, as quais renderiam 30 anos de prisão.