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Primeira-dama dos Estados Unidos nega que tenha tanta influência no governo


A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, falou, ontem, sobre os relatos do mais recente livro com enfoque na família presidencial. Lançado na quarta-feira, The Obamas, da jornalista Jodi Kantor, descreve uma Michelle preocupada com o marido e, frequentemente, arranjando confusão com os assessores da Casa Branca. Com a voz firme e sem se esquivar de qualquer pergunta, ela negou que tenha tanta influência nos assuntos de governo e criticou os escritores que a apresentam como uma ;negra irascível;. ;Quem pode escrever sobre o que eu sinto?;, questionou Michelle em entrevista ao programa CBS This Morning.

Jodi Kantor, que acompanha os Obamas desde 2007, afirma, no livro, que Michelle teve diversas discussões com o secretário-geral da Casa Branca, Rahm Emanuel, especialmente no início do mandato do marido. ;Rahm e Amy, sua esposa, são alguns de nossos mais queridos amigos. Eu e ele nunca trocamos qualquer palavra atravessada;, rebateu a primeira-dama. Ela também ressaltou que não costuma conversar diretamente com a equipe da ala oeste da Casa Branca, onde funciona a sede do governo. ;Eu posso contar o número de vezes que entrei lá;, garantiu.

Outro ponto polêmico de The Obamas diz respeito a uma suposta conversa com Robert Gibbs, ex-porta-voz do presidente. Segundo Gibbs, Michelle teria dito a ele que viver na Casa Branca era ;um inferno;. Perguntada sobre o episódio, ela disse nunca ter ouvido falar dessa história. ;Gibbs é um conselheiro de confiança. Ele tem sido um bom amigo e vai continuar sendo;, respondeu. Michelle destacou não ter a intenção de ler o livro ou qualquer outro sobre a sua vida. ;Eu acho que é mais interessante imaginar situações de conflito;, alfinetou. ;Eu só tento ser eu mesma e espero que, com o passar do tempo, as pessoas me julguem pelo que sou.;

Michelle disse, no entanto, que mantém uma relação extremamente sincera com Obama, inclusive, sobre o que se passa na sede do governo. ;Eu me preocupo profundamente com o meu marido, sou sua maior aliada e uma das maiores confidentes. Mas ele tem dezenas de pessoas inteligentes a sua volta;, apontou. ;Isso não quer dizer que nós não temos discussões, conversas. Meu marido sabe como eu me sinto.;

Em diversas entrevistas, a autora do livro afirmou que pretendia apresentar a relação de Michelle com o presidente como o alicerce que o sustenta na Casa Branca. Ontem, em sua conta no Twitter, Jodi Kantor escreveu que The Obamas não trata a primeira-dama como ;uma mulher negra irascível;. ;Eu acho que esse livro criou tanta celeuma porque, até então, Michelle permanecia intocada pela imprensa;, opina Ange-Marie Hancock, cientista política da Universidade da Califórnia. Para Inderjeet Parmar, da rede de pesquisa AHRC sobre o Governo Obama, o barulho se deve ao momento. ;Estamos em ano de eleição. E o livro é feito por alguém que esteve observando os Obama por um longo período.;