Pequim - Um monge tibetano faleceu em um ato de imolação com fogo na região noroeste da China no fim de semana, anunciou a agência estatal Nova China, o que eleva a 15 o número de pessoas que cometeram suicídio em sinal de protesto nas regiões do Tibete em menos de um ano.
Nyage Sonamdrugyu, de 40 anos, ateou fogo ao seu corpo no domingo em Qinghai, de acordo com a Nova China. Este foi o primeiro caso de imolação registrado nesta província.
O governo tibetano no exílio, com sede na Índia, considerou que a falta de liberdade religiosa havia levado a vítima a atear fogo em si própria.
Descartando que o ato do monge falecido fosse uma forma de protesto, a Nova China indicou que uma investigação preliminar considerava que o homem havia se suicidado após descobrir que o marido de uma mulher com quem mantinha uma relação havia descoberto este vínculo.
A agência havia anunciado no domingo a morte de outro religioso, em um ato similar, perto do mosteiro de Kirti (província de Sichuan, sudoeste). Um segundo tibetano ficou ferido após se imolar, também na sexta-feira.
Um dos dois homens, de 18 anos, morreu em um quarto de hotel, indicou a Nova China, citando uma fonte do governo local. Seu companheiro, de 22 anos, foi hospitalizado.
Segundo a organização Free Tibet, com sede em Londres, testemunhas viram o homem de 22 anos atear fogo em si mesmo perto do monastério, pedindo a volta do exílio do Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos.
Sichuan foi palco de episódios de violência desde que um jovem monge ateou fogo em si mesmo, em março de 2011.
De acordo com as ONGs, os suicídios públicos ilustram o desespero dos monges com a repressão religiosa e cultural exercida por Pequim nas regiões tibetanas.
A China, que afirma ter "libertado pacificamente" o Tibete em 1951 e depois ter melhorado as condições de vida de seus habitantes, controla esta região autônoma e as províncias limítrofes da população tibetana.
O Dalai Lama condenou estes suicídios públicos, que muitos budistas consideram contrários as suas crenças. No entanto, disse recentemente que os tibetanos sofriam um "genocídio cultural" por parte das autoridades chinesas, acusando-as de serem as responsáveis pelos atos de protesto.