Afastada da vida pública desde 1990, Magaret Thatcher, 86 anos, a ;dama de ferro;, continua suscitando discussões apaixonadas. Desta vez, a polêmica não gira em torno da forma inflexível de governar, que valeu a ela o apelido, mas do filme protagonizado por Meryl Streep, que retrata a ex-governante idosa e doente. David Cameron, primeiro-ministro britânico, foi alvo de críticas da atriz norte-americana que, ontem, rebateu em uma coletiva de imprensa as acusações de que a filmagem é um desrespeito a Thatcher, que sofre de demência há sete anos.
;O retrato que fazemos dela, que sofre de um dos 41 tipos de demência, não é desrespeitoso. É doloroso, mas é verdadeiro. É a vida;, afirmou Streep. ;Se a tivéssemos mostrado tossindo ou mancando, ninguém teria protestado. Mas há um estigma especial que acompanha a demência. As pessoas a consideram vergonhosa;, continou a atriz.
A atuação de Meryl Streep, cotada para ser indicada pela 17; vez ao Oscar, porém, foi elogiada por Cameron, que a definiu como ;sensasional e assombrosa;. Mas essa foi a única observação positiva do primeiro-ministro sobre A dama de ferro, dirigido pela britânica Phyllida Lloyd. De Paris, onde atendeu os repórteres, Streep não se mostrou intimidada. Ela destacou que a intenção do longa não era fazer um documentário sobre Thatcher, mas retratar ;a totalidade de uma vida, que foi intensa, turbulenta;.
;Queríamos mostrá-la no final da vida, nesse momento de silêncio, de solidão que, no fim das contas, são os momentos importantes em uma vida;, afirmou. Phyllida Lloyd também se manifestou sobre as críticas de Cameron e, assim como a protagonista do filme, disse que, no Reino Unido, as opiniões sobre a dama de ferro são estereotipadas, variando entre ;santa, ícone e monstro;.