Cairo - O promotor Mustafá Suleiman assegurou nesta quarta-feira (4/1) ter provas consistentes da implicação de Hosni Mubarak no assassinato de manifestantes, durante o julgamento do ex-presidente no Cairo, e denunciou a falta de cooperação das autoridades com o Ministério Público.
"A acusação confirmou que Mubarak, Adli (ex-ministro do Interior) e outras seis autoridades da segurança ajudaram e incitaram a disparar" contra a multidão que manifestava contra o ex-ditador, derrotado em fevereiro, disse o promotor citado pela agência de notícias oficial Mena. Ele também acusou as novas autoridades egípcias de "se recusarem deliberadamente a cooperar com o Ministério Público" na investigação para determinar a responsabilidade de Mubarak.
O promotor, que expõe seus argumentos desde terça-feira, poderá apresentar sua acusação na quinta-feira. Segundo os jornais egípcios, ele poderá pedir a pena máxima prevista por lei, neste caso, a pena de morte.
Na terça-feira, o ex-chefe de Estado, de 83 anos, que exerceu o poder por três décadas, foi apresentado pelo promotor Suleiman como "um líder tirânico que tentou transferir o poder para seu filho Gamal". "A gestão de Mubarak foi marcada pela corrupção. Abriu a porta a seus amigos e pessoas ligadas e arruinou o país sem prestar contas", acrescentou Suleiman.
Mubarak, de 83 anos, chegou na segunda-feira ao tribunal de ambulância para uma nova sessão de seu processo no Cairo. O ex-presidente foi levado de maca até a sala do tribunal, tal como nas audiências anteriores deste processo reiniciado em 28 de dezembro, depois de três meses de suspensão. Grupos de partidários e adversários do ex-homem forte egípcio lançaram palavras de ordem na entrada do tribunal.
O julgamento contra o ex-presidente que se deixou o cargo em 11 de fevereiro sob pressão de uma revolta popular começou em 3 de agosto. Mubarak está em prisão preventiva em um hospital militar no subúrbio do Cairo. O presidente deposto é julgado por suposta responsabilidade nas ordens de atirar contra a multidão durante os protestos do começo de 2011 e que oficialmente deixaram 850 mortos. Caso seja considerado culpado, Mubarak pode ser condenado à pena de morte.
O ex-ministro do Interior, Habib el Adli, e seis de seus assessores são julgados ao mesmo tempo que Mubarak por estas acusações. Mubarak também é acusado de corrupção, acusações que também atingem seus filhos, Alaa e Gamal, também submetidos a julgamento.
As últimas audiências do processo ocorreram em setembro. O processo foi, depois, suspenso devido a uma demanda recusada pelo presidente da corte, o juiz Ahmed Refaat, considerado parcial pela acusação. Finalmente, o magistrado foi mantido, permitindo o reinício do processo.
Nos últimos meses, a suspensão das audiências, as eleições legislativas e os recentes atos de violência relegaram a sorte do ex-presidente a segundo plano.