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Líder árabe defende fim da missão

O presidente do Parlamento Árabe, que serve como órgão consultivo da Liga Árabe, defendeu ontem a partida da missão de observadores enviada pela organização à Síria para monitorar a situação dos direitos humanos e acompanhar a implantação de um acordo fechado com o regime de Damasco para estancar a violência política. De acordo com Salem Al-Diqbassi, a repressão incessante contra os opositores do presidente Bashar Al-Assad e ;o asssassinato contínuo de civis inocentes;, na presença dos emissários, está ;transformando a missão em uma cobertura da Liga Árabe para que o regime continue suas ações desumanas;.

O envio da delegação à Síria é parte de um plano pelo qual a organização pan-árabe tenta facilitar uma saída pacífica para a crise política. Segundo os termos acertados, o regime de Damasco assumiu o compromisso de retirar tanques e tropas do Exército das cidades, como medida inicial para interromper a violência. O passo seguinte é a abertura de diálogo com a oposição e o início de reformas políticas.

A chegada do ano-novo foi marcada pela oposição síria com novas manifestações e o registro de ao menos mais quatro cidadãos, entre eles um menino de 7 anos baleado no carro dirigido pelo pai, na cidade de Hama, um dos principais focos do levante contra Assad. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres, se referiu à criança como o ;primeiro mártir de 2012;. Os Comitês de Coordenação Local (LCCs), organizações de base que articulam os protestos, divulgaram comunicado no qual afirmam que no ano passado foram mortos pelas forças de segurança 5.862 civis, incluindo 395 crianças. O balanço é compatível com o das Nações Unidas, que mencionam pelo menos 5 mil vítimas da repressão desde o início dos protestos, em março.

A entrada de 2012 foi saudada pelos opositores com fogos de artifício e novas manifestações pedindo a renúncia do presidente, que assumiu o governo em 2000 ; como sucessor do pai, no poder desde 1971. Além do menino morto em Hama, três manifestantes foram mortos em Homs, considerada a ;capital da revolução;. Na capital, Damasco, 20 manifestantes que hastearam a bandeira nacional anterior ao regime da ;dinastia; Assad foram baleados. Em Alepo, manifestantes marcharam em apoio aos rebeldes de Homs e Deraa, sob lemas como ;Assad é o inimigo de Deus;.