O Beidu tornou-se capaz de operar comercialmente após o lançamento do décimo satélite que faz parte do sistema, no início do mês. Mais seis devem ser colocados em órbita em 2012, segundo o cronograma, para ampliar a cobertura a toda a região da Ásia e do Pacífico, informou o porta-voz do projeto, Ran Cheng. Para atingir alcance global, o sistema terá de completar um total de 25 satélites, com a previsão inicial de que a missão esteja cumprida até 2020.
Desde já, os interessados pelo serviço podem consultar na internet uma versão-teste do Beidu, que promete aos usuários civis o fornecimento de informações sobre posicionamento global, com precisão de 10m de raio, medições de velocidade na casa de 0,2 metro por segundo e sinais para sincronização de relógios com exatidão da ordem de 0,02 milionésimo de segundo.
Segundo o porta-voz do projeto, o sistema Beidu pode representar para a economia chinesa, até 2020, a abertura de um mercado da ordem de 400 bilhões de ians (pouco mais de US$ 63 bilhões), incluindo aplicações no transporte automotivo, nas telecomunicações, na pesca e em outras atividades econômicas. Ran Cheng observou que o navegador chinês é compatível com o GPS, o Galileu e o Glonass, e pode ser operado de maneira complementar aos concorrentes.
O sistema russo é o segundo a oferecer cobertura global, depois do pioneiro americano. O Galileu, em operação desde outubro, terá sua rede completa apenas em 2019. Os EUA, enquanto isso, se apressam para lançar uma nova versão do seu produto, desenvolvida pela indústria Lockheed Martin. De acordo com os especialistas da Força Aérea americana, o GPS 3 terá maiores capacidades e será mais inume a interferências externas, uma vantagem tanto nas operações comerciais quanto no uso para a defesa do país. O projeto tem verba de US$ 25 bilhões prevista pelo Congresso para ser utilizada até 2025, e um protótipo da nova geração de satélites está em construção na unidade da Lockheed próxima a Denver (Colorado).
Autonomia militar
À parte o aproveitamento comercial, especialistas acreditam que a implantação e o desenvolvimento do Beidu serão essenciais para a capacitação militar da China em sistemas de ataque e defesa de nova geração, como a detecção e o direcionamento de mísseis e aviões não tripulados (drones). Um estudo feito em 2004 pelo pesquisador Geoffrey Forden, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, sugere que uma rede de satélites seria vital para as forças chinesas no caso de um conflito bélico com a ilha de Taiwan, que não reconhece o regime comunista de Pequim e recebe deste o tratamento de ;província rebelde;.
Embora não reconheçam o governo de Taipei como Estado soberano, os EUA lhe dão proteção contra uma ação militar. No caso de um ataque, poderiam bloquear o acesso da China ao GPS para guiar seus mísseis e monitorar os projéteis disparados pelos taiwaneses.
Embora não mencione a opção militar, o regime de Pequim define a reintegração plena de Taiwan entre suas prioridades.