Bagdá - Cinco pessoas foram mortas em um ataque suicida contra o ministério do Interior no centro de Bagdá, quatro dias após uma série de atentados ocorridos na capital iraquiana, que vive uma crise política entre xiitas e sunitas.
O homem-bomba aproveitou o momento em que os guardas abriram a porta principal do ministério para funcionários e invadiu o local com um carro carregado de explosivos, informou um responsável do ministério que pediu anonimato.
A explosão que aconteceu por volta das 7H30 (2H30 de Brasília), matou pelo menos cinco pessoas e deixou 27 feridos, segundo uma fonte médica.
O funcionário do ministério fez um balanço de 5 mortos e 39 feridos, precisando que dois mortos e 14 feridos eram policiais.
Logo depois da saída das tropas americanas do Iraque, o país mergulhou em uma crise política entre xiitas, maioria no país, e sunitas, o que paralisa as instituições e ameaça o frágil equilíbrio do Iraque.
Esta tensão veio acompanhada da violência. Na quinta-feira, pelo menos 60 pessoas foram mortas em uma série de atentados em Bagdá e no domingo seis membros das forças de segurança foram mortos durante ataques nas províncias sunitas de Salaheddina e al-Anbar.
Há uma semana, um mandato de prisão foi expedido contra o vice-presidente sunita Tarek al-Hachemi, que é acusado de apoiar e financiar ações terroristas realizadas por seus guarda-costas.
Ele se refugiou na região autônoma do Curdistão iraquiano e rejeitou todas as acusações, denunciando o primeiro-ministro, o xiita Nuri al-Maliki.
No domingo, o vice-presidente declarou à AFP que não irá retornar para Bagdá para seu julgamento, afirmando que sua segurança não esta garantida e que o sistema Judiciário é controlado pelo governo.
A Turquia já afirmou que não rejeitaria um pedido de asilo.
O mandato de prisão contra Hachemi aumentou ainda mais a crise entre o primeiro-ministro xiita e os parlamentares do grupo Iraqiya, que é apoiado pelos sunitas.
Segundo maior grupo de parlamentares, o Iraqiya decidiu boicotar o Parlamento e o governo para denunciar o autoritarismo de Maliki, que reagiu ameaçando substituir os nove ministros do Iraqiya.
Neste contexto, o grupo parlamentar do radical xiita Moqtada Sadr, que possui 40 deputados, exigiu a dissolução do Parlamento para a realização de novas eleições. As últimas legislativas aconteceram em março de 2010.
O vice-presidente americano, Joe Biden, conversou por telefone no domingo com Maliki e o líder curdo Massud Barzani e pediu diálogo, informou a Casa Branca.
Biden já fez este apelo várias vezes durante a semana.
Os últimos soldados americanos deixaram o Iraque no dia 18 de dezembro, após quase nove anos de um conflito que matou mais de 100.000 civis iraquianos e 4.500 membros do exército americano.