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Rajoy assume como chefe de governo de uma Espanha que busca superar a crise

Madri - O novo presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, prestou juramento nesta quarta-feira (21) ante o rei Juan Carlos I, e deve anunciar em breve a tão esperada composição de seu governo, que será responsável pela implantação das medidas de austeridade contra a crise.

"Juro cumprir fielmente com as obrigações do cargo de presidente de Governo com lealdade ao Rei e observar e fazer cumprir a Constituição como norma fundamental do Estado, assim como manter o segredo das deliberações do Conselho de ministros", declarou Rajoy com uma mão apoiada na Constituição.

O líder conservador, de 56 anos, substitui o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, 51, que governava o país desde 2004 e cujo partido sofreu um grave revés eleitoral, penalizado pelos votantes devido a impopulares medidas de rigor que o obrigaram a tirar a Espanha da crise.

Considerando que "novas reformas são tão necessárias como urgentes", Rajoy assegurou na segunda-feira que as grandes prioridades de seu governo serão "estimular o crescimento e a criação de emprego" em um país com quase cinco milhões de desempregados (21,52%) e sob a ameaça de uma nova recessão.

"O governo que formei não descansará até alcançar este objetivo fundamental", enfatizou ele durante seu discurso, no qual apresentou um programa de austeridade e de reformas destinado a tranquilizar os mercados.

O próximo passo a ser dado pelo novo chefe do executivo é anunciar pela tarde ao rei, e posteriormente ao público, a composição de seu governo, o que tem gerado grande expectativa.

O novo executivo estreará na quinta-feira e na sexta-feira celebrará seu primeiro conselho de ministros, sendo que no dia 30 de dezembro serão tomadas as primeiras "medidas urgentes em matéria orçamentária anunciadas por Rajoy na segunda-feira".

A identidade do ministro de Economia é aguardada com particular interesse, sobretudo pelos investidores, em um país que nas últimas semanas se encontrou em primeira linha da crise da dívida na Eurozona.

Entre os nomes que circulam figuram os de Cristóbal Montoro, coordenador econômico do Partido Popular (PP); Luis de Guindos, ex-secretário de Estado de Economia; Manuel Gonzalez Páramo, membro do diretório do Banco Central Europeu (BCE); e Rodrigo Rato, ex-diretor-geral do FMI e atual presidente da união de casas de poupança Bankia.

O eleito terá a dura tarefa de combinar rigor e reformas, em um momento em que a Espanha, duplamente castigada pela crise e pela bolha imobiliária, voltará a cair em recessão no início de 2012, padecendo de uma taxa de desemprego recorde na União Europeia.

No debate de investimento ante o Parlamento, Rajoy anunciou novos cortes no setor público em 2012, pelo valor de ao menos 16,5 bilhões de euros, para tentar conter o déficit.

Rajoy disse ainda que o governo pode não alcançar a meta anterior de reduzir o déficit público a 6% do PIB em 2011, depois de ter registrado 11,1% em 2009 e 9,3% em 2010. Com isso, Rajoy já adiantou que prevê cortes adicionais de 10 bilhões de euros se o déficit alcançar finalmente os 7%.

"Eu sei que as coisas não estão fáceis, mas tenho determinação para levar a Espanha adiante", disse Rajoy após ser eleito como chefe do governo por uma câmara baixa onde seu partido possui uma ampla maioria.

Antes de acabar o ano, o conselho de ministros aprovará o prolongamento do atual orçamento e em janeiro o Parlamento votará uma lei de estabilidade orçamentária para fixar os limites, a partir de 2020, da dívida pública (60% do PIB) e do déficit estrutural (0,40% do PIB).

Estes princípios foram inscritos em setembro na Constituição espanhola.