A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota ontem na qual considera ;extremamente preocupante o projeto de lei que declara de interesse público a produção, comercialização e distribuição de papel-jornal na Argentina;. Segundo a presidente da entidade brasileira, Judith Brito, e o vice-presidente responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão, Francisco Mesquita Neto, o projeto dará ao governo de Cristina Kirchner, recém-reeleita, ;o poder de limitar o acesso das empresas jornalísticas ao papel, numa evidente ameaça à liberdade de imprensa;.
;É inadmissível a disposição das autoridades argentinas, já demonstrada em outras oportunidades, de coagir e interferir na atividade jornalística. Essa permanente postura de confronto com os jornais é fruto do autoritarismo e da dificuldade de convivência com a crítica, essencial nas sociedades democráticas", sustenta a nota. Solidária aos jornais argentinos, a entidade brasileira afirma que a imprensa do país vizinho está ;diante de mais essa iniciativa constrangedora ao exercício do jornalismo;. E manifesta a expectativa de que o projeto, que já passou pelo crivo da Câmara, não seja aprovado no Senado, ;em benefício dos cidadãos do país, os maiores prejudicados com o cerceamento à liberdade de expressão;.
O diretor do diário La Nación, Julio Seguier, em entrevista à Agência France Press (AFP), assinala que o projeto do governo argentino para regular a empresa de produção de papel para jornais Papel Prensa tem a intenção de ;silenciar a imprensa independente;. A Papel Prensa tem como acionistas majoritários os dois maiores jornais do país, o Clarín (49%) e o La Nación (22,49%), com participação minoritária do Estado argentino (28,08%).