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Governo japonês declara 'parada fria' de reatores nucleares de Fukushima

Tóquio - O governo japonês declarou nesta sexta-feira (16) a "parada fria" dos reatores da acidentada central nuclear de Fukushima, uma etapa importante que significa a estabilização do local, mas "a batalha ainda não terminou", alertou o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda.

Os reatores da central de Fukushima "alcançaram o estado de parada fria", declarou Yoshihiko Noda em uma coletiva de imprensa, ao término de uma reunião da célula ministerial sobre o acidente nuclear.

Isto significa que a temperatura dos compartimentos dos reatores se mantém estável abaixo dos 100 graus Celsius e que as emissões radioativas estão controladas, indicou a imprensa japonesa.

"Confirmamos tecnicamente que a água de esfriamento circula de forma regular e que a temperatura no fundo do compartimento dos reatores se mantém abaixo dos 100 graus", explicou Noda.

"Portanto, as emissões radioativas podem ser contidas a um nível suficientemente baixo no exterior das instalações da central, inclusive em caso de novo acidente", disse o primeiro-ministro japonês.

Desta forma, nove meses depois do acidente provocado pelo terremoto e tsunami de 11 de março, o governo completa a segunda etapa de seu programa de controle da central.

"A Etapa 2 foi finalizada e o local está agora mais estabilizado" para permitir a solução do acidente, acrescentou o primeiro-ministro.

O estado de parada fria era um dos principais objetivos da "Etapa 2 do plano de trabalho" formulado pela companhia Tokyo Electric Power (Tepco) para terminar com a catástrofe, a pior já ocorrida na indústria nuclear no mundo desde Chernobyl, há 25 anos.

O fim da Etapa 1, que consistia em instalar meios de esfriamento autônomos, foi anunciado em julho.

"O governo e a Tepco utilizam a expressão ;parada fria; em um sentido diferente do normalmente empregado para um reator em boas condições", disse Takashi Sawada, vice-presidente da Sociedade Japonesa de Energia Atômica.

Em uma central de funcionamento normal, a "parada fria" permite a realização de trabalhos de manutenção.

No caso de Fukushima Daiichi, onde o combustível entrou em fusão, perfurou os compartimentos e vazou no fundo do local de confinamento de três dos seis reatores, a "parada fria" não quer dizer que seja possível intervir livremente a partir do exterior, já que a radioatividade continua sendo muito alta.

O fato de ter alcançado a Etapa 2 não significa o fim da crise, advertiu o porta-voz do governo japonês, Osamu Fujimura.

"Ainda devemos enfrentar muitos desafios", advertiu Noda, que citou, entre outros, a descontaminação da região.

Em longo prazo, Noda prometeu que as autoridades irão agir "com todas as suas forças até o desmantelamento" dos reatores acidentados, um trabalho que pode levar de 30 a 40 anos.

A temperatura no fundo dos compartimentos dos reatores 1 a 3, os mais danificados, passou para menos de 100 graus Celsius em agosto e setembro.

Inicialmente, o estado previa terminar a etapa 2 em janeiro de 2012, mas decidiu adiantar o calendário e conseguiu cumprir com os novos prazos.

O fim da Etapa 2 significa que os riscos são muito menores do que antes, indicaram a Tepco e a agência japonesa de segurança nuclear.