Cairo - Os islamitas do Egito, extasiados por uma vitória esmagadora no primeiro turno das eleições legislativas, estão engajados nesta segunda-feira na batalha do segundo turno contra os liberais e entre eles próprios, com um duelo entre a Irmandade Muçulmana e os recém-chegados salafistas.
Se o conjunto de movimentos islamitas receberam oficialmente 65% dos votos, a influente Irmandade Muçulmana (36,6%) tenta se distanciar dos fundamentalistas que ganharam no primeiro turno 24,3 %.
Nesta segunda e terça-feira, os dois movimentos vão disputar as 20 cadeiras, que representam um terço do Parlamento, nas duas principais cidades do país, Cairo e Alexandria.
Hoje a movimentação de eleitores ainda era fraca em comparação ao primeiro turno, que foi marcado por uma participação (62%) sem precedente na história egípcia.
Em Alexandria, a disputa será particularmente apertada entre a Irmandade Muçulmana e os salafistas. Foi nesta cidade que o partido salafista Al-Nour nasceu, logo depois da queda do presidente Hosni Mubarack.
As eleições legislativas foram organizadas para acontecer em três zonas geográficas, uma após a outra. A eleição dos deputados vai até janeiro e depois a dos senadores até março.
Aproximadamente 50 milhões de eleitores, em um total de 82 milhões de egípcios, foram convocados à votação para eleger 498 membros da Assembleia do Povo (câmara dos deputados), enquanto os 10 outros serão nomeados pelo chefe do Exército e chefe de Estado, o marechal Hussein Tantawui.
Um terço é escolhido pelo voto nominal em dois turnos, o restante é atribuído às listas eleitas proporcionalmente.
Nesta primeira etapa, os liberais vão tentar recuperar espaço, principalmente no Cairo.
O Bloco Egípcio, principal coalizão liberal, obteve 13,3% dos votos no primeiro turno. O conjunto de liberais, divididos em duas listas, ganhou 29,3%, mas continuam divididos e não representam um grupo homogêneo.
As duas próximas etapas das legislativas vão deixar pouco espaço para o campo laico.
Os salafistas, mais intransigentes do que a Irmandade Muçulmana - que se apresenta como moderada - tomou a irmandade de surpresa e semeou medo em círculos laicos e coptas (cristãos egípcios).
O porta-voz da Irmandade Muçulmana, Mahmoud Ghozlane, pediu para "não colocar todos os islâmicos no mesmo cesto", referindo-se a Al-Nour.
Os salafistas são diferentes fisicamente da irmandade por suas barbas longas e trajes tradicionais e a maioria das mulheres usam o niqab. Com seu sucesso, aumentaram as declarações em favor de um Islã rigoroso, semelhante ao que está em vigor na Arábia Saudita.