Moscou - O presidente Dmitri Medvedev pediu nesta sexta-feira (2) aos russos que elejam corretamente seus candidatos legislativos no domingo e, mesmo evitando mencionar o partido no poder, o Rússia Unida, advertiu para o risco de surgir um parlamento "dividido pelas contradições".
"Juntos, estou certo de que podemos fazer da Rússia um país verdadeiramente moderno, desenvolvido e um bom lugar para se viver, elegendo corretamente no dia 4 de dezembro", disse Medvedev durante um discurso para a nação transmitido pelas principais emissoras russas de televisão.
Medvedev encabeça a lista do partido Rússia Unida, grupo no poder presidido pelo primeiro-ministro Vladimir Putin.
A Rússia precisa de uma assembleia "onde a maioria parlamentar seja composta por políticos responsáveis, capazes de contribuir, na prática, para a melhoria na qualidade de vida de nosso povo e onde os atores sejam guiados pelos interesses nacionais", disse o presidente russo.
O parlamento não deve estar "dividido pelas contradições irreconciliáveis e incapaz de decidir qualquer coisa, como já ocorreu, lamentavelmente, em nossa história", observou Medvedev, se referindo aos anos do ex-presidente Boris Yeltsin, na década de 1990.
O chefe de estado também destacou a necessidade de o partido Rússia Unida obter o máximo de votos, já que a agremiação corre o risco de perder a maioria de dois terços da Duma, o que permite, inclusive, modificar a Constituição.
Durante a reunião da semana passada com dirigentes parlamentares da Rússia Unida, Putin justificou a necessidade de um domínio tão amplo no Parlamento ao mencionar o que chamou de paralisia dos políticos no parlamentarismo ocidental.
"O que está acontecendo na casa de nossos amigos europeus e associados americanos é resultado de uma falta de consolidação na sociedade, em que as principais forças políticas não chegam a um acordo", disse.
Com um parlamento pulverizado, acrescentou Putin, "não temos condições de tomar as decisões necessárias".
Além da Rússia Unida, três outros partidos atualmente representados na Duma (o Partido Comunista, o Partido Liberal Democrata e o Rússia Justa) devem superar o piso mínimo de 7% para entrar no Parlamento.
O partido Rússia Unida domina amplamente o cenário político russo há uma década. Depois de dois mandatos como presidente (entre 2000 e 2008), Putin cedeu seu lugar para Medvedev diante da impossibilidade de sua terceira gestão consecutiva.
Putin já anunciou sua intenção de voltar ao Kremlin com as eleições presidenciais de 4 de março e Medvedev já tornou pública sua decisão de não se apresentar nesses comícios.
De acordo com a última pesquisa do instituto independente Levada, a Rússia Unida aparece com 56% das intenções de voto, sendo que apenas um mês atrás essa porcentagem era de 68%.
Isso causou nervosismo no partido na véspera das eleições. Uma organização não-governamental, Golos, que catalogou milhares de casos de suposta violação das regras eleitorais pelo partido no poder, é alvo de uma investigação judicial.