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Execução de quatro reféns pelas Farc comove a Colômbia e instiga debate

%u201CA dor que sinto é infinita%u201D, desabafa Magdalena Rivas, 63 anos, por telefone ao Correio, de Bogotá. A mãe do major Elkin Hernández Rivas se preparava na tarde de ontem para receber o corpo do filho de 35 anos %u2014 capturado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 1998, e executado com três reféns, no sábado, durante uma operação de resgate malsucedida. %u201CElkin era um grande homem, um homem por inteiro. Meu filho era tudo para mim. Por isso, a dor tão grande que sinto. Se não posso tê-lo em corpo, eu o tenho em espírito, para suportar sua partida%u201D, acrescenta Magdalena. O enterro de Elkin, do sargento José Libio Martínez, do tenente-coronel Edgar Yesid Duarte Valero e do intendente Álvaro Moreno deve ocorrer às 9h30 de hoje (12h30 em Brasília). Os caixões chegaram à capital colombiana na noite de domingo, envoltos na bandeira do país. Três dos mortos tinham marcas de tiros na cabeça e o quarto nas costas. Os corpos foram encontrados presos por correias, o que indica execução sumária. O destino dos sequestrados provocou comoção na Colômbia e instigou um debate sobre a eficácia de ações militares contra a guerrilha. %u201CPeço ao presidente Juan Manuel Santos que negocie com esses canalhas, responsáveis por tantas matanças. O importante agora é a negociação. Não precisamos de mais mortes%u201D, clama a mãe de Elkin, que promete trabalhar pela libertação dos outros sequestrados. %u201CPor favor, presidente, ajude nossos entes queridos que ainda estão na selva a voltar para suas casas. Não mortos, mas vivos%u201D, emenda. O sargento Luis Alberto Erazo, único refém que sobreviveu à operação de salvamento, afirmou ao jornal colombiano El Espectador que %u201Co resgate militar é uma obrigação do Estado%u201D. Por e-mail, o ex-senador colombiano Luis Eladio Pérez %u2014 refém das Farc entre 10 de junho de 2001 e 28 de fevereiro de 2008 %u2014 mostrou-se cético em relação a um acordo com os rebeldes esquerdistas. %u201CNão existe negociação de paz na Colômbia. Muito menos com a atuação selvagem da guerrilha, ao assassinar quatro sequestrados absolutamente indefesos, e com o governo insistindo nos resgates militares a sangue e fogo%u201D, afirma ao Correio. O ex-político lembra que 12 reféns ainda estão em poder das Farc, com o status de prisioneiros de guerra. As entidades da sociedade civil organizam uma grande manifestação contra a guerrilha, marcada para 6 de dezembro, em várias cidades do país. Ouça o relato de Magdalena Rivas, mãe do major Elkin Hernández Rivas Eduardo Bechara Gómez, especialista em gerenciamento de conflitos da Universidad Externado de Colombia, lembra que as execuções ocorreram após a morte de Alfonso Cano, comandante das Farc. %u201CÉ um momento crítico para o grupo, em termos de enfraquecimento, mas também de grande incerteza para o país, com as Farc passando à liderança de Timoleón Jiménez, apelidado de Timochenko%u201D, explica, por e-mail. Ele aposta que a via do diálogo é cada vez menos provável, principalmente após o massacre de sábado. %u201CAs mortes tornam politicamente caro para o governo realizar propostas de negociação com a guerrilha, ante o forte rechaço da sociedade%u201D, comenta. Segundo Gómez, o fato de as Farc terem assassinado membros da força pública mantidos sob cativeiro por mais de uma década serviu de combustível para o repúdio popular. %u201CA sociedade se mostra mais avessa à opção de uma negociação com a guerrilha.%u201D A organização não governamental Anistia Internacional está preocupada com as mortes. %u201CSe ficar confirmado que os quatro cativos foram assassinados nas circunstâncias descritas, isso representaria um crime de guerra%u201D, disse Marcelo Pollack, especialista da entidade sobre a Colômbia. %u201CAs Farc têm a obrigação de tratar de modo humano todos os membros das forças de segurança capturados%u201D, alertou.