Damasco - Milhares de sírios saíram às ruas nesta sexta-feira (24) em apoio aos desertores do Exército e para exigir a queda do regime de Bashar al-Assad em várias cidades do país, apesar da repressão que deixou mais seis mortos, segundo os militantes.
Na página do Facebook "A Revolução Síria contra Bachar al-Assad", os militantes pró-democracia convocaram a manifestação desta sexta-feira "para que o Exército Sírio Livre (ASL) proteja a revolução pacífica".
O ASL, liderado por Riad al-Assaad na Turquia, conta com 20.000 militares dissidentes. Nos últimos dias o grupo reivindicou uma série de ataques contra as Forças Armadas regulares encarregadas de reprimir a revolta popular, que já dura oito meses.
O Comitê da ONU contra a tortura denunciou nesta sexta-feira que "violações flagrantes e sistemáticas dos direitos" humanos na Síria continuam impunes.
O "Comitê examinou muitos relatórios coerentes e justificáveis relatando as violações sistemáticas dos direitos no país", declarou Claudio Grossman, diretor do grupo de dez especialistas do Comitê.
O grupo afirmou estar particularmente "preocupado com os casos envolvendo crianças que foram submetidas a tortura e a mutilações na prisão", além das "execuções extrajudiciais, sumárias e arbitrárias".
O Comitê exige que o governo sírio apresente um relatório até o dia 9 de março de 2012 sobre as medidas adotadas para assegurar que a Convenção contra a tortura seja respeitada.
Como toda sexta-feira, desde meados de março, milhares de sírios se reuniram após as preces diárias nas mesquitas, principalmente nas províncias de Homs, Idleb e Deraa, além da cidade de Deir Ezzor, segundo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e os Comitês Locais de Coordenação (LCC).
De acordo com o OSDH, as operações das forças de ordem deixaram pelo menos seis civis mortos: três em Homs, entre eles um jovem de 19 anos, um em Idleb, outro em Deir Ezzor e um adolescente de 16 anos na região de Damasco.
A agência de notícias Sana, por sua vez, relatou imensas manifestações de partidários do regime em Damasco e em Alep para denunciar a decisão da Liga Árabe de impor sanções econômicas depois que o poder sírio ignorou o ultimato para pôr fim à repressão.
A agência afirmou que dois militares das forças de segurança foram mortos na explosão de uma bomba em Hama, onde três outras bombas explodiram sem deixar vítimas.
Ontem, mais de 50 pessoas -13 civis, 23 membros das forças de ordem e 15 desertores- morreram, segundo o OSDH.
O comando do Exército sírio, em um raro comunicado citado pela Sana, confirmou nesta sexta-feira a morte de 10 militares, entres eles seis pilotos, em um ataque reivindicado pelo ASL ontem.
"Um grupo terrorista armado (...) assassinou seis pilotos, um oficial e três sub-oficiais que trabalhavam em uma base militar aérea", afirmou o comunicado, acusando "partes estrangeiras" de apoiar os atentados "terroristas" na Síria.
Os confrontos entre desertores e Exército regular se intensificaram nos últimos dias, e o risco de uma guerra civil aumentou.
Desde o início das manifestações contra o regime em março, a repressão deixou mais de 3.500 mortos, milhares de feridos e um grande número de presos, segundo a ONU.