NUSA DUA - O presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, tiveram uma reunião bilateral delicada neste sábado na Indonésia sobre a rivalidade crescente entre os dois países na região Ásia-Pacífico, tema que domina a agenda da Reunião de Cúpúla da Ásia Oriental (EAS).
Pouco depois da reunião, Obama deixou a Indonésia e encerrou uma viagem de nove dias a países da Ásia-Pacífico, consagrada a reforçar a presença americana na região.
O encontro durou quase uma hora em um hotel de luxo de Nusa Dua, estação balneária da ilha de Bali que é sede da reunião da EAS e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, estava presente.
As conversas foram essencialmente sobre a economia. Obama citou a questão do yuan, que Washington considera desvalorizado, e outras divergências comerciais, segundo Tom Donilon, conselheiro americano de Segurança Nacional.
Washington e Pequim debatem o crescente envolvimento diplomático, econômico e militar dos Estados Unidos na Ásia-Pacífico, que segundo os americanos é apenas uma resposta ao que consideram uma expansão hegemônica da China na região.
"A China nunca buscará a hegemonia", afirmou na sexta-feira Wen Jiabao.
"E se opõe a qualquer comportamento hegemônico", completou.
Nos últimos dias, as discussões se concentraram nas disputas territoriais entre Pequim e os vizinhos no Mar da China meridional, onde a concorrência é muito grande para garantir reservas de petróleo e gás.
Contra a gigante China, o governo das Filipinas propôs aos demais países pequenos envolvidos (Vietnã, Taiwan, Malásia) uma frente unida com o respaldo de Washington, que defende uma abordagem multilateral do caso.
Wen Jiabao denunciou uma "interferência" e destacou que a China não aceitaria a imposição de uma agenda nas reuniões de Bali.
Obama destacou durante a semana a intenção de transformar a EAS no "espaço privilegiado no qual possamos trabalhar juntos sobre um amplo leque de temas, como a segurança marítima e a não proliferação nuclear".
As declarações ilustram a competição protagonizada pelos dois países pela liderança na região Ásia-Pacífico, que ganha espaço com o grande dinamismo no momento em que as economias tradicionais atravessam uma grave crise.
A China investe grandes quantias na região, sobretudo na Austrália, grande aliada de Washington, para explorar recursos de mineração.
Depois de anunciar um projeto de livre comércio na Ásia-Pacífico, ao qual a China não está associada no momento, Obama anunciou esta semana o envio de 2.500 soldados ao noroeste da Austrália, o que irritou Pequim.