Damasco - A Liga Árabe lançou um ultimato de 72 horas ao regime sírio para acabar com a repressão sob ameaça de sanções econômicas contra Damasco. Enquanto isso, os ataques de manifestantes pró-Assad contra embaixadas estrangeiras se multiplicam.
A violência continuou nesta quinta-feira com a morte de quatro civis, entre as vítimas uma menina de nove anos, todos mortos pela segurança síria durante uma perseguição em Deir Ezzor, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Após uma reunião da Liga na quarta-feira em Rabat, o primeiro-ministro do Qatar, Hamad ben Jassem, declarou que a organização daria a partir de quarta-feira "três dias ao governo sírio para acabar com a repressão sangrenta" contra a população. "Se Damasco não aceitar cooperar com a Liga, sanções econômicas serão adotadas contra a Síria", advertiu.
No dia 12 de novembro, os membros da Liga Árabe decidiram suspender o país da organização.
Damasco, que boicotou a reunião em Rabat, ainda não reagiu às injunções da Liga, nem comentou o ataque por militares dissidentes contra um centro de serviços secretos na quarta-feira. A ação foi reivindicada pelo Exército Sírio Livre (ASL), que possui milhares de soldados desertores.
Um novo ataque nesta quinta-feira tinha como alvo a sede da juventude do Baath, partido que está no poder, onde se reuniam membros da segurança na região de Idleb, informou o OSDH que não se pronunciou sobre a existência de vítimas.
Durante a reunião de Rabat, os embaixadores do Marrocos e dos Emirados em Damasco relataram que foram alvos de manifestantes pró-regime, que multiplicaram, desde o fim de semana, a violência contra as representações diplomáticas estrangeiras na capital.
As autoridades sírias advertiram que prenderiam e julgariam todas as pessoas que atacarem uma sede diplomática.
A China, maior abastecedora do setor militar sírio, disse nesta quinta-feira estar muito preocupada com os acontecimentos na Síria.
A Rússia, que também fornece armamentos, afirmou que a comunidade internacional deve fazer um apelo ao poder sírio e a oposição pelo fim da violência.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergue; Lavrov, disse que o ataque de uma base militar pelo ASL lembra uma guerra civil.
A Rússia e a China, membros permanentes do Conselho de Segurança, vetaram no dia 4 de outubro o projeto de resolução dos países ocidentais que ameaçava o regime sírio com medidas punitivas para protestar contra a repressão que já fez mais de 3.500 mortos, segundo a ONU.
Em Istambul, o líder exilado dos Irmandade Muçulmana síria, Mohammad Riad Shakfa, afirmou que os sírios estão prontos para aceitar uma intervenção turca em seu país para proteger a população.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou nesta quinta-feira a comunidade internacional por não agir contra a repressão. A Turquia, única grande potência regional próxima da Síria, adotou pela primeira vez sanções, parando com a exploração de petróleo comum.