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EUA autorizam pedido de extradição de Noriega, mas França adia revisão

Paris - A justiça francesa recebeu a autorização dos Estados Unidos de um segundo pedido de extradição de Manuel Noriega para o Panamá, mas adiou a revisão da mesma para o dia 23 de novembro, após uma audiência durante a qual o ditador panamenho reiterou que aceita voltar para seu país. Na presença de Noriega, antigo homem-forte do Panamá derrubado em 1989 por uma invasão sangrenta dos EUA, o Tribunal de Apelações de Paris notificou na audiência realizada às 14h30 locais a chegada do acordo solicitado meses atrás aos Estados Unidos. Pela quarta vez desde março, a justiça francesa deve rever a situação de Noriega. O Panamá exige que ele cumpra as três penas de 20 anos de prisão e, para isso, apresentou três pedidos de extradição: a primeira pelo médico e opositor Hugo Spadafora em 1985; a segunda pelo capitão Moisés Giroldi em 1989 e pelo sindicalista Heliodoro Portugal em 1970. Após assinar a ata da audiência, Noriega, visivelmente satisfeito, apertou a mão de um dos seus advogados presentes, Antonin Levy. A defesa de Noriega não sabia nesta quarta-feira se precisará de um novo decreto de extradição ou se bastará este primeiro do governo francês. Questionado sobre a coincidência do calendário, já que na quinta-feira o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, fará uma visita oficial à França, onde se reunirá com o presidente francês Nicolas Sarkozy e empresários, o advogado de Noriega sugeriu ao cônsul do Panamá presente na audiência que "o presidente fique por mais alguns dias para levar Noriega de volta." Após passar 21 anos em uma prisão de Miami, acusado de narcotráfico, Noriega foi condenado em julho de 2010 na França a sete anos de prisão pela lavagem de três milhões de dólares do cartel de Medellín em bancos franceses. "A justiça francesa está cumprindo seu papel", declarou o diplomata panamenho Arístides Gómez de León, questionado se estava satisfeito com a decisão francesa.