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Muçulmanos lapidam Satã e iniciam principal festa do Islã

Mina - Cerca de 3 milhões de peregrinos muçulmanos iniciaram neste domingo (6/11) o ritual de lapidação de Satã no vale de Mina, perto de Meca, no primeiro dia do Aid al-Adha, a principal festa do Islã marcada este ano pela Primavera Árabe. Trata-se da primeira festa do Sacrifício desde o início do movimento que derrubou regimes autocráticos em Tunísia, Egito e Líbia, e continua atingindo Síria e Iêmen, onde a contestação é fortemente reprimida. Comemora a fidelidade do profeta Abraão, disposto, segundo a tradição, a sacrificar seu filho Ismael.

No vale da Mina, perto da cidade santa de Meca, na Arábia Saudita, quase 3 milhões de peregrinos começaram o ritual da lapidação de Satã, que se consiste em lançar pedras na mais alta das três pilastras que representam o Diabo, o qual os muçulmanos chamam de Iblis.

Esse ritual de alto risco, que no passado foi marcado por confusões que deixaram centenas de mortos, ocorria sem incidentes. "Esse ritual me dá força moral. Nesse momento, sinto ter vencido Satã", declarou Mojtar Khan, 29 anos, um fiel de Bangladesh que chegou ao local com dezenas de seus compatriotas aos gritos de Alah Akbar (Deus é grande). "Me sentirei melhor quando tiver lapidado Satã, meu principal inimigo", disse Mohammed Huseinin, um egípcio de 35 anos.

Segundo a tradição, é necessário lançar sete pedras no primeiro dia contra a maior das pilastras, de 30 metros de altura, e sete contra cada uma das três colunas no dia seguinte e no posterior. Para evitar as confusões dos anos anteriores, as autoridades sauditas aumentaram a fluidez no local. Agora, os fiéis chegam por uma ponte de vários níveis e as forças de segurança controlam o fluxo. "O movimento é mais fluido e a organização, melhor", comentou Mojtar Jan, que participa há oito anos como membro de um comitê organizador do Hajj, a maior peregrinação anual do mundo e um dos cinco pilares do Islã que os fiéis devem cumprir ao menos uma vez em sua vida caso tiverem condições para isso.

No sábado, os fiéis passaram o dia rezando no Monte Arafat, perto de Meca, no momento mais importante da peregrinação. Um total de 2.927.717 fiéis participam este ano do hajj, dos quais 1.828.195 muçulmanos procedentes do exterior. Os demais são sauditas e moradores estrangeiros do reino, segundo o escritório saudita de estatísticas. Cada peregrino deve sacrificar um animal durante o Aid al-Adha, em homenagem ao profeta Abraão que segundo a tradição esteve a ponto de sacrificar seu filho Ismael antes de o anjo Gabriel lhe propôr um cordeiro em seu lugar.

Em geral, os peregrinos podem se limitar a comprar bônus e as autoridades sauditas imolam os animais e depois enviam ajuda a muçulmanos pobres de diversas partes do mundo. Depois desse ritual, os fiéis seguirão à Meca para dar voltas ao redor da kaaba, uma construção em forma de cubo localizada no centro da grande mesquita. Depois fazem várias caminhadas entre Safa e Marwa, seguindo os passos de Hajar, mulher do profeta Abraão, que segundo a tradição correu entre essas duas cidades em busca de água para seu filho Ismael até que a fonte zamzam surgiu a seus pés. Além do hajj, os outros quatro pilares do Islã são a profissão da fé, a oração cinco vezes ao dia, o jejum durante o ramadã e a esmola.