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Oposição síria rejeita diálogo com regime

Doha - O chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria das correntes da oposição, afirmou na noite deste sábado que não negociará com o regime do presidente Bashar al Assad, em entrevista à rede de televisão Al-Jazeera.

"Não negociaremos o sangue das vítimas e dos mártires. O objetivo do regime é ganhar tempo" dizendo que aceita a iniciativa da Liga Árabe, afirmou Burhan Ghaliun.

O líder do CNS convocou os "oficiais e os agentes de segurança a ignorar as ordens do regime para reprimir o povo sírio".

Ghaliun revelou que o CNS fez "pedidos oficiais à Liga Árabe e à ONU para proteger os civis na Síria".

O chefe do CNS se reuniu hoje, no Cairo, com o líder da Liga Árabe, Nabil al Arabi, que advertiu que "um fracasso na solução árabe terá consequências catastróficas para a situação na Síria e na região".

O plano da Liga Árabe prevê o fim total da violência, a libertação das pessoas detidas durante a repressão, a retirada do Exército das cidades e o livre trânsito de observadores e jornalistas internacionais, antes da abertura de um diálogo entre o regime e a oposição.

O regime sírio libertou neste sábado 553 pessoas detidas durante a repressão, como primeiro sinal do cumprimento do plano árabe para resolver a crise.

"As pessoas detidas durante protestos na Síria e que não têm sangue nas mãos foram libertadas", anunciou a agência oficial Sana, reforçando que estas libertações ocorreram por ocasião da festa muçulmana de Al Adha (Dia do Sacrifício).

As associações sírias de defesa dos direitos humanos e a ONU calculam em milhares o número de pessoas detidas na repressão da revolta, iniciada em 15 de março. Mais de três mil morreram, segundo as Nações Unidas.

Apesar do gesto positivo, as forças do regime prosseguiram com suas operações de repressão e dispersaram à força vários protestos no país, matando três civis em Homs (centro), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Quatro "milicianos" pró-regime também perderam a vida em confrontos com supostos desertores em Saraqeb (noroeste), segundo o OSDH.