Paris - O site da revista satírica francesa Charlie Hebdo, cuja redação foi destruída na véspera por um incêndio deliberado, seguia fora de serviço nesta quinta-feira (03/11) devido às ameaças de morte proferidas contra a empresa proprietária do servidor, indicou seu responsável.
Após o incêndio, a empresa dona do servidor, Bluevision, instalada na Bélgica, "não quer voltar a colocá-lo on-line", já que "recebeu ameaças de morte", explicou Valerie Manteau, jornalista e responsável pelo site. Após o incêndio, a Bluevision tirou a página (http://www.charliehebdo.fr/) de serviço.
"Ou a polícia os tranquiliza e os convencemos a voltar a colocá-la em serviço, ou se modifica o servidor", acrescentou Manteau. O site de Charlie Hebdo foi atacado por hackers de um grupo turco denominado Akincilar, que justificou sua ação em uma "luta contra uma publicação que ataca (suas) crenças e (seus) valores morais", indicou o site da revista francesa lenouvelobs.com.
Valerie Manteau indicou que a página do Facebook da revista será fechada aos comentários externos, já que desde quarta-feira foi invadida por milhares de comentários, alguns deles extremistas, em francês ou em árabe, de muçulmanos que se declaram indignados pela capa da revista desta semana, batizada de "Charia Hebdo" (por sharia, lei islâmica), e na qual aparece o profeta Maomé.
O incêndio nas instalações da Charlie Hebdo, localizadas em um distrito popular de Paris, foi classificado de "atentado" pelo ministro francês do Interior, Claude Gueant, que não descartou a pista de muçulmanos fundamentalistas. O atentado foi condenado pela classe política francesa em seu conjunto e pelos meios de comunicação.