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Jovens protestam na Tunísia após anúncio dos resultados eleitorais

TÚNIS - Atos de violência foram registrados nesta quinta-feira à noite em Sidi Bouzid, a cidade no centro da Tunísia onde começou a revolução, após o anúncio dos resultados das eleições de 23 de outubro, informaram testemunhas e fontes ministeriais.

Mais de 2 mil jovens atacaram o escritório do partido islâmico Ennahda, vencedor das eleições, e lançaram pedras contra as forças de segurança, depois de ter sido anunciada a invalidação de seis listas do partido liderado por Hechmi Haamdi, um rico empresário tunisiano radicado em Londres, que conseguiu vitória na circunscrição de Sidi Bouzid. "Está ocorrendo um protesto violento, as forças de segurança tentam contê-lo", declarou à AFP o porta-voz do Ministério do Interior, Hichem Meddeb.

[SAIBAMAIS]Segundo o correspondente da AFP, cerca de 2 mil jovens apedrejaram e quebraram portas e janelas do escritório do Ennahda e incendiaram pneus na principal rua da cidade. Outra manifestação semelhante era realizada em Regueb, a uma centena de quilômetros de Sidi Bouzid. Algumas testemunhas informaram sobre possíveis disparos no local.

O partido de Hechmi Haamdi, "A Petição Popular", ausentou-se totalmente durante a campanha, mas conseguiu 19 cadeiras na assembleia constituinte, segundo os resultados oficiais. No entanto, as listas desse partido foram invalidadas em seis circunscrições, especialmente em Sidi Bouzid, onde supreendentemente conseguiu ser o partido mais votado.

O partido é liderado por Hechmi Haamdi, um rico empresário nascido em Sidi Bouzid e radicado em Londres, de onde realizou sua campanha eleitoral através do canal de televisão via satélite Al Mustakilla.

Nesse canal, Haamdi disse nesta quinta-feira que temia que seu eleitorado manifestasse sua indignação depois de os islamitas terem rejeitado a entrada de seu partido nas negociações para a formação do futuro governo.

Mais tarde, ele afirmou que retirava o conjunto de suas listas após sua invalidação parcial pela comissão eleitoral. "Me retiro oficialmente desse processo político, após o anúncio da invalidação do voto de milhares de eleitores, particularmente em Sidi Bouzid, o centro da revolução", declarou à AFP em Londres.