BUENOS AIRES - Os restos mortais do ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007), marido da presidente reeleita Cristina Kirchner e governante durante sete anos, foram sepultados nesta quinta-feira, um ano depois de sua morte, em um mausoléu de Río Gallegos, sua cidade natal na Patagônia (sul). A cerimônia de traslado dos restos mortais do ex-presidente de um túmulo familiar no cemitério de Río Gallegos para o monumento construído em sua homenagem foi realizada nesta quinta-feira com a presença apenas da família e de uma pequena comitiva.
A chefe de Estado, vestida de preto, chegou ao local com seus filhos Máximo, 32 anos, e Florencia (21) e se retirou com eles sem falar com as pessoas que estavam nos arredores do cemitério da capital da província de Santa Cruz (2.500 km ao sul), onde o ex-presidente iniciou sua carreira política. "É um encontro privado e familiar", disse a secretaria geral da Presidência, completando que "a entrada de pessoas que quiserem fazer sua homenagem" ocorrerá durante a tarde.
Localizado no fundo do cemitério, o mausoléu cinza em forma de cubo de granito e cimento tem cerca de 14 metros de comprimento.
É protegido por grades negras e em seu interior há duas tochas e uma enorme bandeira argentina que balança ao vento da Patagônia, onde Kirchner construiu sua carreira política e onde morreu de uma crise cardíaca em 27 de outubro do ano passado, aos 60 anos. Em uma "mensagem ao povo argentino", o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, citou "a admiração e gratidão" que tem em relação a esse "insubmisso combatente, um governante exemplar e amigo íntimo".
A secretária-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a colombiana María Emma Mejía, colocou uma placa em homenagem a seu antecessor na quarta-feira em Quito, sede do bloco.
A placa elogia a "fecunda e intensa" gestão de Kirchner na Unasul, da qual foi secretário-geral de 4 de maio de 2010 até sua morte, e lembra que "sua mediação foi importante em várias situações de tensão no subcontinente, como no conflito entre Colômbia e Venezuela em julho de 2010".
Kirchner, que morreu em sua casa da cidade de El Calafate (sul), consolidou-se ao lado de sua mulher como líder do peronismo governista. De caráter combativo, durante seu mandato tirou a Argentina de sua pior crise econômica, adotando políticas heterodoxas, em um país que acumula um crescimento médio de 8% desde 2003, e também impulsionou os processos por crimes contra a humanidade ocorridos durante a ditadura (1976-1983).