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Corpo de Muamar Kadafi foi sepultado em local secreto da Líbia

BENGHAZI - O corpo do ex-ditador líbio Muamar Kadhafi foi enterrado na noite de segunda-feira (24) em um local secreto pelo novo regime, que pediu nesta terça-feira a prolongação da missão da Otan na Líbia.

Um de seus filhos, Saif al-Islam, e o ex-chefe dos serviços de inteligência líbios, Abdullah al-Senusi, que têm contra si uma ordem de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI), se aproximavam da fronteira com o Níger, afirmou nesta terça-feira à AFP uma autoridade tuaregue nigerina. "Saif al-Islam não constitui uma ameaça. Seu pai, seu exército, seus mercenários foram derrotados", afirmou o ministro líbio interino de Petróleo e Finanças do Conselho Nacional de Transição (CNT), Ali Tarhuni. Também anunciou que o CNT quer que a Otan permaneça na Líbia "ao menos por um mês".

A Aliança Atlântica havia anunciado na sexta-feira que tinha a intenção de pôr fim a sua operação militar na Líbia no dia 31 de outubro. Por sua vez, a ministra de Defesa espanhola, Carme Chacón, anunciou nesta terça-feira a retirada das tropas tão logo seja confirmado formalmente o fim da operação.

Muamar Kadhafi, morto após ter sido capturado vivo em Sirte, sua cidade natal, foi enterrado em "um local secreto", indicou à AFP um membro do conselho militar de Misrata (oeste), que pediu para não ser identificado.

Muatasim Kadhafi, outro de seus filhos, e o ex-ministro da Defesa Abu Bakr Yunes Jaber, também mortos após serem capturados na quinta-feira pelas milícias do CNT, foram enterrados perto do ex-líder líbio, acrescentou a fonte.

Em Misrata, guardas posicionados na entrada de um mercado do subúrbio onde o corpo de Kadhafi foi exibido por vários dias em um frigorífico, informaram que um comboio de quatro ou cinco veículos militares levou os cadáveres na noite de segunda-feira para um local não informado.

Três dirigentes religiosos partidários de Muamar Kadhafi oraram e organizaram uma cerimônia religiosa antes dos sepultamentos, segundo a fonte do Conselho Militar.

O pai e dois filhos do ex-ministro da Defesa estavam presentes, de acordo com o militar. "Eu vi a permissão de sepultamento. Indicava que Kadhafi tinha dois ferimentos de tiros, um na cabeça e outro no peito, e que apresentava cicatrizes de cirurgias do passado, uma na nuca, duas no estômago e outra na perna esquerda", completou a fonte.

O enterro de Kadhafi não encerra a polêmica sobre as circunstâncias da morte. Uma necropsia foi realizada, mas o médico responsável disse que aguarda a autorização das novas autoridades em Trípoli para divulgar os documentos.

As novas autoridades líbias afirmam que o ex-ditador morreu com um disparo na cabeça durante uma troca de tiros. Mas testemunhas e vídeos gravados no momento da captura dão a entender que Kadhafi pode ter sido vítima de uma execução sumária.

O presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, ex-ministro da Justiça de Kadhafi, destacou que os líbios queriam que o ex-ditador fosse julgado para que sentisse a "maior humilhação possível", e completou que "aqueles que tinham interesse na morte rápida eram os que o apoiavam".

A ONU enviou, por sua vez, um coordenador humanitário para avaliar a situação em Bani Walid e Sirte, os dois últimos feudos pró-Kadhafi a cair.

Sirte, localizada cerca de 360 km a leste de Trípoli, sofria também com um incêndio, iniciado após a explosão de um depósito de combustível, um acidente aparentemente provocado por uma faísca lançada por um gerador de energia elétrica que deixou mais de cem mortos e ao menos cinquenta feridos na noite de segunda-feira.

Ao mesmo tempo, o novo governo busca aplacar as inquietações provocadas pelo anúncio de aplicação da sharia (lei islâmica) no país, onde prosseguem as conversações para a formação de um governo de transição.