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Após morte de Kadafi, Otan começa a pensar sua saída do território líbio

Bruxelas - A morte anunciada de Kadafi e a queda de Sirte devem levar a Otan a pôr um ponto final, em breve, à operação Protetor Unificado, missão considerada "um sucesso", em particular para os países europeus que a conduziram.

No entanto, grande prudência era observada no anoitecer desta quinta-feira (20/10) na sede da Otan, em Bruxelas, que ainda não reagiu oficialmente à brusca aceleração da situação no terreno.

A Aliança Atlântica procurava, em particular, confirmar as circunstâncias da morte de Muamar Kadafi, anunciada por dirigentes do Conselho Nacional de Transição (CNT), informou um porta-voz.

Segundo as informações disponíveis, aviões da Aliança desempenharam um papel maior nos acontecimentos, na cidade natal de Kadafi. Um porta-voz do CNT informou que aeronaves da Otan bombardearam um comboio "quando fugia de Sirte".

O coronel Roland Lavoie, porta-voz da operação Protetor Unificado, precisou que forças francesas da Otan tomaram como alvo "dois veículos das tropas pró-Kadafi por volta das 08h30 (04h30, horário de Brasília)", porque "realizavam operações militares e representavam ameaça clara aos civis".

Os aviões franceses fizeram "parar" o comboio, mas não o destruíram, segundo o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet. Combatentes líbios intervieram em seguida e tiraram o coronel Kadafi de um desse veículos, segundo ele.

Para a Otan, a queda de Sirte, que resistia há semanas, representava "etapa decisiva" para o fim do conflito, comentou um diplomata.

Militares da Otan, sob o comando do almirante americano James Stavridis, devem fazer um levantamento, nesta sexta-feira (21), da situação, avaliando principalmente se o CNT está preparado para garantir a segurança, segundo uma fonte militar.

Com base neste exame, um conselho de embaixadores de 28 países da Otan, que é a jurisdição habilitada a pronunciar o fim da operação, vai se reunir em Bruxelas.

Este conselho havia defendido a prudência nestas últimas semanas, sob a influência da França e da Inglaterra, com a preocupação de "terminar o trabalho", ao mesmo tempo em que outros países o apressavam a pôr fim a um conflito que pesa, em homens e em dinheiro.

[SAIBAMAIS]Sua opinião é preponderante, porque "os dois aliados foram os principais atores políticos e militares desta guerra de dimensão limitada, na qual nada tinham a ganhar, mas muito a perder, em termos de reputação", resumiram especialistas do Instituto britânico Rusi, num relatório recente.

A Otan usa forças marítimas e aéreas na Líbia desde 31 de março, tomando o lugar da operação lançada duas semanas antes pela França, a Inglaterra e os Estados Unidos, em seguida a uma resolução das Nações Unidas sobre a proteção de civis. Vários países, como a Alemanha ou a Polônia, recusaram-se a participar.

Oito dos 28 países da Otan estiveram envolvidos em missões aéreas, ao lado de nações árabes como os Emirados Árabes Unidos e o Qatar. No total, 26.089 saídas aéreas foram realizadas desde o dia 31 de março, entre elas 9.618 ditas "ofensivas", segundo um comunicado da Aliança desta quinta-feira.

"A missão foi rápida, flexível e eficaz", considerou o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, destacando que essa primeira operação da Otan, liderada por europeus e não pelos americanos, trouxe à luz lacunas preocupantes em termos de equipamentos militares.