La Paz - Milhares de bolivianos iniciam nas próximas horas uma inédita jornada eleitoral para nomear por voto popular 56 autoridades de várias instâncias do Poder Judiciário, em um ambiente de calma, informou neste domingo (16/10) o porta-voz eleitoral.
"Está tudo pronto para as eleições judiciais, a votação deve começar, em geral às 08h locais (10h de Brasília)", informou o porta-voz eleitoral Benjamín Noya, entrevistado mais cedo pelo canal privado da televisão PAT, e completou que "tudo está tranquilo".
Cerca de 5,2 milhões de pessoas, dos 10 milhões de habitantes da Bolívia, devem votar para eleger titulares e suplentes de 56 ministros do Tribunal Supremo de Justiça, do Tribunal Constitucional, do Tribunal Agroambiental e do Conselho da Magistratura (disciplinar).
Um total de 122 candidatos serão eleitos por maioria simples. Os cidadãos emitirão seu voto, durante oito horas em colégios e escolas de todo o país, depois do qual os canais privados de televisão emitirão os primeiros resultados: primeiro em pesquisas de boca de urna e depois em contagens rápidas.
O Movimento Sem Medo (MSM, centro-esquerda) reiterou nas últimas horas suas críticas ao processo eleitoral, dizendo que desde o início ocorreram falhas, como a pré-seleção de candidatos no Congresso, controlado pelo governismo, que minimizou a meritocracia na qualificação dos aspirantes.
O líder do MSM, Juan del Granado, ex-aliado do presidente Evo Morales, reiterou também que o presidente do Tribunal Eleitoral, Wilfredo Obando, é aliado do governismo, e portanto sua independência está em dúvida.
"Temos um juiz absolutamente parcial, vinculado ao MAS (partido governista), que não nos oferece transparência nem independência", afirmou Del Granado, depois de seu partido mostrar fotos de Obando participando de campanhas proselitistas a favor de Morales nas eleições passadas.
Toda a oposição, desde a centro-esquerda até a direita, desatou uma campanha pelo voto nulo, em uma eleição que é obrigatória.
"Este é um processo eleitoral importante, onde os bolivianos vão escolher pela primeira vez com seu voto os juízes", afirmou neste domingo ao canal TV-PAT o chanceler David Choquehuanca, que reflete uma posição comum do governismo, que defende a validade do processo eleitoral, o qual qualifica de histórico.