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'Indignados' protestam aos milhares nos Estados Unidos e no Canadá

Nova York - Milhares de manifestantes 'anti Wall Street' marcharam este sábado em várias cidades dos Estados Unidos e do Canadá, no âmbito do dia de ação global dos 'indignados' contra a avareza corporativa, que gerou protestos em vários países. Em Nova York, berço do movimento de protesto 'Occuppy Wall Street' (Ocupem Wall Street, OWS), a polícia deteve 24 pessoas em uma agência do Citibank, horas depois de os manifestantes marcharem até o banco Chase para, segundo os organizadores, apoiar as 14.000 pessoas demitidas pela instituição depois de ter recebido 94,7 bilhões de dólares do governo. A marcha, da qual participaram estudantes, famílias com filhos e sindicalistas, foi acompanhada de perto pela polícia. Depois de passar pelo banco Chase, os manifestantes dirigiram-se para Wall Street, exibindo cartazes que diziam: "somos 99 por cento"; "somos o povo" e "Obama, precisamos do teu apoio". O 'Occuppy Wall Street' também tinha previsto aderir a uma manifestação pelo décimo aniversário do início da invasão americana ao Afeganistão, antes de um terceiro protesto na Times Square, previsto para as 17H00 locais (18H00 de Brasília). Os manifestantes 'anti Wall Street' de Nova York conseguiram pelo menos uma vitória provisória na sexta-feira, com a suspensão dos trabalhos de limpeza da praça Zuccotti, que ocupam desde 17 de setembro no coração do bairro financeiro, os quais os forçaram a deixar o local. Em Washington, entre 2.000 e 3.000 manifestantes se concentraram no National Mall, grande avenida da capital, na véspera da inauguração de um monumento dedicado ao líder dos direitos civis e ganhador do Nobel da Paz, Martin Luther King, assassinado em 1968. Seu filho, Martin Luther King III, disse à multidão: "resgatamos a indústria automotiva, e devíamos tê-lo feito. Resgatamos Wall Street. Agora é hora de resgatar os trabalhadores americanos. É disto que se trata". Horas antes, 200 manifestantes marcharam rumo ao Bank of America, onde pretendiam cancelar suas contas. No entanto, sua entrada não foi permitida e o banco foi fechado rapidamente. O ator e diretor de Hollywood Sean Penn se somou às celebridades que declararam apoio ao movimento 'Occupy Wall Street', que encontrou eco em várias partes do mundo. "Aplaudo o espírito do que está acontecendo em Wall Street neste momento", disse Penn ao jornalista Piers Morgan em entrevista à CNN na sexta-feira passada. "Esta geração, que acho que se inicia com a 'Primavera Árabe', está começando a dizer ao mundo que não podemos mais ser controlados pelo medo e isto é inegável", acrescentou. Em Miami (sudeste), pelo menos 1.000 pessoas protestaram na Tocha da Amizade, no bulevar Biscayne, em pleno centro da cidade e perto do distrito financeiro. Entre os manifestantes, majoritariamente americanos, havia alguns de origem hispânica, exibindo cartazes que diziam "Esta crise tem que parar e Wall Street, ajudar" e "O sonho americano é um pesadelo". Em Toronto, no Canadá, 5.000 pessoas inspiradas no movimento nova-iorquino protestaram no bairro onde fica o distrito financeiro e depois instalaram barracas em um parque próximo. Milhares de pessoas também protestaram nas cidades canadenses de Halifax, Montreal, Quebec, Ottawa, Winnipeg, Calgary e Vancouver, com um variado leque de demandas, que incluíam melhor distribuição da riqueza, mais trabalho e maior responsabilidade das empresas em seus problemas econômicos. Em Montreal, Geneviève Dick, estudante de filosofia que trabalha como tradutora, dizia que permaneceria "tanto quanto for necessário" no parque Victoria, enquanto montava sua barraca. "Queremos ser visíveis para o 1% que nos governa e fazer contato com outros cidadãos, criar uma alternativa", afirmou. De Madri a Nova York, 951 cidades de 82 países celebraram seus próprios protestos dos 'indignados' este sábado, manifestando-se contra o sistema financeiro e a crise, no primeiro dia de protesto em escala planetária do movimento, que completa cinco meses desde que surgiu na Espanha.