Manuel Martínez
postado em 02/10/2011 08:00
Muitos mexicanos que temem ser vítimas inocentes do conflito entre o governo e o narcotráfico apreciam um estilo musical que glamuriza traficantes. As músicas do gênero ;narcocorrido; contam histórias e façanhas de conhecidos delinquentes envolvidos no comércio de drogas. Cálculos extra-oficiais apontam que esse segmento da indústria fonográfica produz anualmente US$ 10 milhões, a despeito das tentativas das autoridades para desestimular o interesse.[SAIBAMAIS];O narcocorrido é reflexo de uma sociedade onde o Estado não se faz presente de forma construtiva;, avalia o consultor brasileiro em América Latina, Thiago de Aragão. ;No México, a figura dos policiais não é valorizada por grande parte da população;, disse o investigador social mexicano José Ramos García.
;Muitos jovens acabam seduzidos pelo que imaginam ser um estilo de vida emocionante, que proporciona dinheiro e destaque;, acrescentou o professor Salvador Raza, da Universidade Nacional de Defesa, com sede em Washington. Investir na educação de na integração social, como política preventiva, é uma das linhas alternativas propostas pelos que questionam a estratégia militar escolhida por Calderón.
Vítimas
O fenômeno tem paralelos no Brasil e nos Estados Unidos. Por aqui, cantores de funk escreveram canções de admiração a ;donos de boca; e a facções criminosas. Coisa parecida foi feita por intérpretes de rap americanos.
Discussão cultural à parte, dados de uma pesquisa recente nos EUA expõem uma triste realidade. Segundo a Universidade da Pensilvânia, cerca de 7 mil mexicanos morreram na guerra contra as drogas em 2009. No ano seguinte, os mortos teriam sido uns 10 mil, número semelhante ao registrado entre janeiro e julho de 2011, segundo dados não oficiais.
Enquanto isso, a Sony Music Latin trabalha no lançamento da mais nova estrela do gênero, Nena Guzmán, uma cantora de 20 anos que primeiro conquistou fãs pelo YouTube.