Richard Senneff, paramédico do corpo de bombeiros de Los Angeles, disse na Corte Superior de Los Angeles, no quarto dia do julgamento de Murray, que ele chefiou a equipe que atendeu o chamado de emergência, na manhã de 25 de junho de 2009.
Ao entrar no quarto de Jackson, o paramédico contou ter visto um paciente "muito magro", de pijamas, com uma touca na cabeça, uma via intravenosa aberta na perna e um cilindro de oxigênio ao lado.
"Qual é sua condição pré-existente?", disse ter perguntado a Murray, que é acusado de homicídio culposo por intoxicação de sedativos. "Ele não respondeu, perguntei de novo qual era sua condição pré-existente e não respondeu, e na terceira vez, disse que não havia", acrescentou.
"Mas a situação não me parecia normal", explicou o paramédico. "Como não tinha uma resposta satisfatória, expliquei que a razão pela qual perguntava era que via um paciente com pouco peso, um cilindro de oxigênio e uma via intravenosa aberta", acrescentou.
"Parecia que tinha um problema crônico de saúde", contou depois o paramédico ao advogado de Murray, Nareg Gourjian.
A equipe de Murray tenta demonstrar que Jackson era dependente de medicamentos, enquanto a acusação quer evidenciar a negligência do médico.
A promotora Deborah Brazil perguntou a Senneff se nesse momento perguntou a Murray se o cantor havia tomado algum medicamento. O paramédico respondeu: "perguntei várias vezes e ele disse ;Só dei um pouco de Lorazepam para que dormisse;".
Murray teria dito ao paramédico que estava tratando o artista por esgotamento e desidratação, após um ensaio de 16 horas.
Quando Jackson foi levado para o hospital, "sua pele estava muito fria, seus olhos estavam fechados e secos" e não tinha sinal de vida algum.
A promotoria responsabiliza o cardiologista pela morte de ;Jacko; por intoxicação com Propofol, um poderoso sedativo que o artista usava para dormir porque sofria de insônia, enquanto a defesa alega que o cantor tomou sozinho a overdose.
Nesta sexta-feira também prestou depoimento Robert Johnson, da empresa que produz equipamento de controle fisiológico, como o oxímetro de pulso (dispositivo que mede o oxigênio no sangue do paciente) que Murray usava para monitorar Jackson. A promotoria mostrou vários modelos e sugeriu que o médico havia usado o mais barato e menos sofisticado.
Também depôs Robert Russell, um distribuidor de equipamentos elétricos que foi operado por Murray, em março de 2009, em Las Vegas, após sofrer um ataque cardíaco.
O ex-paciente disse estar muito satisfeito com o médico e que agradecia sua atenção, mas que se sentiu "abandonado" quando Murray decidiu aceitar a oferta de trabalhar para o "rei do pop".
Na quinta-feira, Alberto Álvarez, diretor de logística de Jackson, disse que Murray pediu para que o ajudasse a tirar algumas ampolas e uma bolsa de soro que continha uma "substância de cor branca leitosa", colocada em um dosador por gotejamento para via intravenosa, ao lado da cama do astro.
O sedativo Propofol, que causou a morte de Jackson por intoxicação, tem cor esbranquiçada, o que levava o cantor a chamá-lo de "meu leite".
Outra testemunha que depôs na quinta-feira foi Kai Chase, chef pessoal de Michael Jackson. Ele contou que naquela manhã viu "Murray descer as escadas até a cozinha, em pânico e agitado".
Parte do clã Jackson compareceu ao tribunal esta sexta-feira. Estavam os pais do cantor, Katherine e Joe, e seus filhos, La Toya, Janet, Randy e Tito, todos vestidos sobriamente e de preto.
Como todos os dias desde o início do julgamento, uns 20 fãs de Jacskson receberam Murray com insultos na entrada do edifício.
Do lado de dentro, no corredor que leva à sala, dezenas de fãs aguardavam a oportunidade de entrar no tribunal, com capacidade para 60 pessoas, algumas vestidas como o cantor.