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Chefe da Al-Qaeda na Península Arábica é morto no Iêmen

SANAA, 30 setembro 2011 (AFP) - O imã radical nascido nos Estados Unidos Anwar al-Awlaqi, ligado à Al-Qaeda e considerado um inimigo público de Washington como foi Osama Bin Laden, morreu nesta sexta-feira no Iêmen, informaram fontes iemenitas e americanas.

"O dirigente terrorista da Al-Qaeda, Anwar al-Awlaqi, morreu ao lado de membros desta organização", anunciou o porta-voz do ministério. A informação foi confirmada por um alto funcionário do governo dos Estados Unidos, que se recusou a revelar detalhes sobre a morte do religioso extremista.

O governo não divulgou as circunstâncias da morte Anwar al-Awlaqi, mas fontes tribais afirmaram à AFP que ele morreu em um bombardeio aéreo executado na manhã desta sexta-feira contra dois veículos que circulavam entre Maarib (ao este de Sanaa) e Juf, província desértica na fronteira com a Arábia Saudita.

Junto com o imã, outras seis pessoas morreram no ataque que ocorreu na manhã desta sexta-feira no leste de Sanaa, afirmou um chefe tribal.

"Khamis Saleh Arfej, o anfitrião do grupo e o único que sobreviveu ao ataque, nos garantiu que os mortos são Anwar al-Awlaqi, Salem Saleh Arfej, Mohammed Mosen al-Naaj, o paquistanês Samir Khan, assim como outras duas pessoas que seriam de nacionalidade saudita", declarou à AFP um chefe tribal, que pediu para não ser identificado.

A sétima pessoa morta pertence à tribo Obedia de Maarib, acrescentou o mesmo chefe tribal, citando o anfitrião do grupo. O ataque foi lançado às 10h00 locais (04h00 de Brasília). Um avião fez um primeiro disparo contra os membros do grupo que faziam uma refeição no chão da casa onde viviam, segundo o chefe tribal.

Todos fugiram a bordo de um veículo, uma caminhonete Toyota, que foi pulverizado por um míssil, acrescentou, afirmando que seu anfitrião, Khamis Saleh Arfej, que os seguia a distância em outro automóvel, ficou apenas levemente ferido.

O presidente Barack Obama afirmou que a morte de Anwar al-Awlaqi constitui "um golpe muito duro" contra a Al-Qaeda, e assegurou que os Estados Unidos estão determinados a destruir todas as redes terroristas.

Da mesma maneira, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, considerou esta morte um "novo golpe significativo" contra a rede do falecido Osama Bin Laden.

O centro americano de vigilância de radicais islâmicos IntelCenter enfatizou que esta notícia terá um impacto na capacidade de recrutamento e financiamento da organização terrorista no Iêmen.

Al-Awlaqi havia escapado de um bombardeio americano no Iêmen no início de maio, poucos dias depois de um comando especial dos Estados Unidos ter matado no Paquistão o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

O representante republicano Peter King, presidente do comitê de Segurança Interna da Câmara americana, declarou que a morte de al-Awlaqi representa "um grande êxito na luta contra a Al-Qaeda e seus afiliados".

"Nos últimos anos, Al-Awlaqi se tornou mais perigoso até mesmo do que Osama bin Laden. A morte de Al-Awlaqi é um grande tributo para o presidente (Barack) Obama e para os homens e mulheres de nossa comunidade de inteligência", disse o congressista.

Considerado pelos Estados Unidos como uma ameaça tão grande como Bin Laden, Anwar al-Awlaqi teria mantido, segundo Washington, vínculos com o nigeriano Umar Faruk Abdulmutallab, autor do atentado frustrado de 25 de dezembro de 2009 contra um avião comercial americano.

Al-Awlaqi também é conhecido por ter mantido correspondência com o comandante americano Nidal Hassan, acusado de ter matado 13 pessoas na base de Fort Hood (Texas) em novembro de 2009.

Washington considerava o imã um objetivo a ser eliminado. As autoridades iemenitas tentaram matar Awlaqi em um bombardeio aéreo em 24 de dezembro de 2009 na província de Chabwa, que deixou 34 mortos.

Mas o imã não estava na região no momento do ataque, segundo as forças de segurança.

A morte representa um êxito para os Estados Unidos, assim como para o governo iemenita, no momento em que o presidente Ali Abdullah Saleh luta para permanecer no poder.

O chefe de Estado iemenita, alvo de protestos desde janeiro, não demonstra qualquer intenção de deixar o poder. Ele afirmou na quinta-feira que só renunciaria se a lei proibisse a participação de seus adversários nas eleições.

"Se cedermos o poder e eles permanecerem em suas posições, tomando as decisões, será muito perigoso. Isto conduzirá a uma guerra civil", afirmou em uma entrevista à revista Time e ao jornal Washington Post.

Saleh tem como alvo o general dissidente Ali Mohsen al-Ahmar, que aderiu aos protestos populares deflagrados no início do ano, e à poderosa tribo Ahmar.

Na quinta-feira, Saleh recebeu o apoio de centenas de religiosos que decidiram, após um seminário, que era ilícito no islã rebelar-se contra as autoridades.